Numa terra em que a magia havia sido esquecida e a paz reinara durante séculos, uma agitação perigosa ganha forma quando três reinos começam a lutar pelo poder. Entre traições, negociações e batalhas, quatro jovens terão seus destinos entrelaçados para sempre: Cleo, a filha mais nova do rei de Auranos; Magnus, o primogênito do rei de Limeros; Jonas, um camponês rebelde de Paelsia; e Lucia, uma garota adotada pela família real de Limeros que busca a verdade sobre seu passado.
Em A queda dos reinos, Morgan Rhodes constrói uma mitologia complexa e fascinante, que mistura amor proibido, intrigas políticas e profecias milenares. Narrado pelos pontos de vista dos quatro protagonistas, este é o primeiro volume da série.
Não conhecia nada da história de “A Queda dos Reinos” quando comecei a leitura, além da capa muito legal eu não fazia ideia do que esperar quando esse livro chegou em casa. E ouso dizer que foi um dos meus queridinhos deste ano que passou. Quero ler todos, dá pra ter?
Quando os adultos começam os problemas são os jovens que acabam pagando as contas. Não importa se você é da realeza ou um camponês, o ponto é que a desgraça não escolhe classe social e quatro jovens de lugares diferentes terão que lidar com toda a merda que os outros começaram. Entre guerra psicológica, traições e muitas reviravoltas com violência a história se desenvolve e então eu me pergunto: Quem está certo? Quem merece ser o vencedor? Sendo sincera eu não sei ainda pra quem eu vou torcer, mas já tenho algumas boas pessoas pra odiar.
“O ódio é uma emoção muito forte. Muito mais poderoso do que a indiferença. Mas aqueles que queimam com ódio também podem amar muito intensamente. Eles não podem? Quando você odeia ou ama o faz com todo seu coração? Tanto que se sente como se você pudesse morrer por causa disso?”
Um enredo contendo: princesas, príncipes e magias já me conquista de cara. Temos um mundo dividido em três reinos e a história é narrada por pessoas que estão em reinos e situações diferentes. Temos uma princesa impulsiva, a Cleo, em Auranos. Um jovem rebelde de Paelsia que presenciou a morte do irmão e jurou vingança, o Jonas. Um príncipe que tenta ser cruel, porém está mais preocupado com os sentimentos, que ele não deveria ter, Magnus de Limeros. E uma princesa, Lucia, de Limeros que possui não só magia como um passado extremamente complexo. Essas quatro pessoas são os principais, porém temos a presença de muitas outras pessoas importantes no livro e, especialmente, podemos ver como todo o mundo funciona e como as coisas estão, tão na merda pra maioria das pessoas caso você esteja curioso. É gritante a diferença entre o luxo e a pobreza de um ponto ao outro.
“- Lute – Jonas sussurrou no ouvido do irmão – Lute por mim. Lute por sua vida”
O livro nas suas primeiras 100 páginas é bem frenético e tem um excesso de derramamento de sangue, muitas interações e algumas traições que chocam um pouco numa história de jovens adultos. Um começo muito interessante tenho que dizer, ah não me julguem eu sou sanguinária mesmo gostando de unicórnios. Após isso acalma um pouco e podemos ver que a história de verdade está sendo construída e todos os caminhos nos levam ao clímax mais tenso que podemos ter: guerra.
Temos muita tensão, sofrimento, despedidas e dores, um mundo está entrando em guerra e são poucos os momentos felizes porque mortes acontecerão em breve. A vingança e a ganância são as luzes que guiam as pessoas neste livro, ninguém é bom ou mal aqui, já que em geral são ambos. Tudo é questão de perspectiva e ninguém estava a salvo, tem a vibe bem Game of Thrones e isso foi uma surpresa boa pra mim.
“Havia sofrido tantas perdas que parecia que uma parte de seu coração tinha sido arrancada do peito, deixando uma ferida no lugar.”
Auranos é o reino rico que é invejado pelos outros, é onde vive a Cleo nossa princesinha mimada, porém de bom coração.
Ao conhecer a Cleo podemos ver que ela fez más escolhas em seus 16 anos de vida, uma no início do livro a perseguirá (mesmo que nós saibamos que ela se arrepende profundamente), mas isso é viver, carregar as merdas que você fez e usar isso como degrau pra se tornar uma pessoa melhor e é por esse comportamento que eu gostei dela. Ela é noiva do Lorde Aron que além de ser um alcoólatra é uma pessoa desprezível que chantageia a Cleo. Vemos nesse núcleo sua irmã Emilia e seus melhores amigos Mira e Nic que serão importantes pro enredo. Além disso, conhecemos o guarda pessoa de Cleo, por quem ela acaba desenvolvendo um sentimento maior.
Limeros é a terra de nosso sombrio Magnus que vive à sombra da fama de seu pai, o Rei Sanguinário. A maioria das coisas que ele faz é em função de seu pai, sempre buscando uma aprovação dele, o amor dele. E Lucia sua irmã, que é adotada (tá na capa do livro tá, não é spoiler), porém ninguém na história sabe, vive no mesmo castelo como princesa. No que Magnus é as trevas, Lucia representa a luz.
Paelsia é uma terra sem esperanças onde a única coisa que brota são as uvas (através de mágica) para fazer seu famoso vinho. Porém o reino vizinho que deveria pagar um preço justo oferece apenas uma ninharia pela bebida, afundando o país mais ainda na pobreza e miséria. Jonas tem um evento familiar trágico e jura se vingar. Quando Jonas passa por tudo no livro é impossível você não se solidarizar com ele, com sua dor e com sua perda na sua vida de bosta. Porém, a sede de vingança dele ultrapassa qualquer limite e é difícil até para ele lidar com os resultados de sua represália. É aquilo né, às vezes o buraco é mais embaixo e quando a sujeira espirra vai te sujar também.
“- Você não é uma garota qualquer, você é a princesa.E é o meu único dever agora protegê-la. Então onde quer que você fuja, você pode estar certa de uma coisa muito importante. – Ela esperou, a respiração presa na maneira intensa que o jovem guarda a olhava.
– E o que é? – Quando ele sorriu, o olhar era igualmente ameaçador e atraente.
– Eu vou encontrá-la.”
O que falar das mortes? Tivemos muitas neste livro. Algumas previsíveis outras nem tanto. Eu me envolvi muito com os personagens, acabei torcendo e sofrendo muito com eles, e isso é um mérito gigante pro livro. Confesso que senti pena da Cleo neste livro, mesmo com toda a lei de causa e consequência não sei se ela deveria sofrer tanto, perder tanto. Todos perdem pessoas nesse livro, muitos morrem por uma causa, outros morrem por estarem no local errado e o mais importante muitos morrem pela guerra. E isso é intenso, mesmo sabendo que é isso que guerras causam eu ainda me sinto muito mal por eles.
Gostei muito da interação de todos os personagens, todos os principais no contexto da história me agradaram de alguma forma. Todos eles se envolveram de forma íntima nesse conflito, com participações maiores ou menores, porém todas significativas. Sobre o mundo em geral a autora vacilou um pouco, ela não descreveu tanto quanto deveria já que é uma realidade bem diferente da nossa. Tivemos um pouco de desenvolvimento cultural, mas todo o resto foi bastante superficial e eu completei com a imaginação. Porém me incomodou o fato de não conhecermos os hábitos ou mesmo os motivos porque todos os Reinos eram únicos. Contudo a dualidade das pessoas, os bons diálogos e a escrita fazem o livro valer muito a pena. O final te deixa ansioso e com muitas perguntas. A vontade de ler o segundo livro é imensa, quero saber como as coisas vão se ajeitar. As perspectivas não são boas e eu já estou sofrendo por todos eles. Se você gosta de Game of Thrones e Graceling é uma boa pedida. Só não se apegue muito aos personagens, a tendência de matar sem piedade está em alta.
pareceu interessante, lerei. Obrigado pela resenha
Li, e confesso que foi melhor do que esperava. Aguardo o segundo para formular melhor uma opinião
Apesar de não ser meu estilo de leitura normalmente, eu até que gostei deste livro! rs
Acho que menos pelo tema e muito mais pelo desenvolvimento dos personagens durante a trama. Também achei muito legal o autor não ter este medinho de matar personagens. Não que eu goste quando meus personagens favoritos morrem, mas acho que muitas vezes o autor fica preso nesta “regra imaginária” e não ousa, deixando sua história ser só mais uma.
Morte? Guerra? Parece meu tipo de livro.