Os tempos estão difíceis para ex-deidades que quase destruíram a humanidade, foram expulsas do Olimpo, perderam os poderes divinos e, de quebra, conquistaram a antipatia de imperadores sanguinários. Apolo, o deus mais glorioso e belo que já existiu, agora é Lester Papadopoulos, um adolescente desajeitado de 16 anos que, para reconquistar seu lugar, precisa libertar cinco oráculos que estão na mais completa escuridão.
Não é de hoje que Apolo tem passado por poucas e boas em sua temporada terrena. Nos três livros já publicados da série As provações de Apolo, vimos o ex-deus enfrentar terríveis inimigos: um psicopata piromaníaco, um crush das antigas com sede de vingança e até um dos imperadores mais temidos da Antiguidade. Como se isso já não fosse o bastante, ele só pôde contar com sua inteligência e sagacidade humanas (bem reduzidas, como é de se esperar), já que seus poderes foram extintos por tempo indeterminado. A sorte é que nessa jornada ele teve a ajuda de amigos valiosos, como Percy Jackson, Leo Valdez e Meg McCaffrey.
Em A tumba do tirano, sua mais nova aventura, Apolo precisa correr até o Acampamento Júpiter, lar dos semideuses romanos, para ajudá-los a se defenderem da fúria do Triunvirato de imperadores, que fará de tudo para destruí-los. É hora de unir forças com Hazel, Reyna, Frank, Tyson, Ella e muitos outros nessa batalha que promete ser a mais difícil e dramática de suas vidas. Infelizmente, a chance de eles saírem vivos reside na tumba de um dos tiranos romanos mais odiados e ardilosos da história, conhecido pela soberba e pela crueldade. Se alguém achou que seria fácil voltar ao Olimpo, achou errado, é claro.
Comecei A Tumba do Tirano com algumas críticas bem efusivas e, me perdoe Tio Rick, pensei que o livro ia ser ruim… Mas o livro super surpreendeu e uau. Não é o meu favorito, mas foi bem mais divertido do que pensei que seria. Foi mais maduro e com bons desenvolvimentos inesperados, ahhhh Tio Rick nunca duvidei (acabe de falar que duvidei, que seja!).
Como este livro é uma continuação direta essa resenha tem spoilers dos livros anteriores (1, 2 e 3).
Quando as perdas ainda nem foram sentidas e muito menos estão perto de serem superadas, nossos protagonistas precisam correr para levar o corpo morto de seu companheiro e tentar salvar as pessoas que sobreviveram. Além de ainda tentarem decifrar a profecia e isso tudo com um prazo curto, já que todo o mundo pode a qualquer momento perecer sob a maldade dos imperadores romanos. Mas, seria Apolo capaz de impedir isso e, finalmente, salvar o dia?
“Eu gostaria de poder poupá-la dessa dor, mas suspeitava de que Meg sabia desde sempre que esse dia chegaria e, como a maior parte dos sofrimentos que enfrentou, não havia escolha a não ser… bem, enfrentá-los.”
Certo, o final do livro anterior foi muito intenso. A morte foi bem indigesta, e mesmo que eu não fosse a maior fã meio que deu uma abalada em crenças que eu tinha sobre o Rick Riordan de não matar os personagens principais. A morte sempre é triste, mas a morte de uma herói que morreu para salvar a todos é muito mais dolorosa. E ninguém teve tempo de ficar de luto já que eles tiveram que correr com o corpo do amigo e ter que lidar com isso enquanto fugiam por suas vidas. E esse livro tem muito dessa sensação, estamos parados quase o livro todo, mas o fato de ser uma batalha constante nos deixa ansioso a cada momento.
Chegando no Acampamento Júpiter temos o reencontro com personagens que já amamos muito nas sagas anteriores: Hazel, Frank e Reyna. Só com essa adição eu meio que sabia que o livro ia ser bom dali em diante. Reyna é maravilhosa e é isso, além disso os personagens novos são bem legais também. E então, com a chegada do aniversário do corpo mortal de Apolo, as coisas vão se desenvolvendo pra um ataque massivo,
de novo, ao acampamento, bem no dia do seu aniversário.
“NÃO LUTES COM O REI, disse a flecha. ESCUTA O QUE TU NECESSITAS E METE O PÉ.
— Você acabou de usar a expressão “meter o pé”?”
Certo, entre muitas profecias, tatuagens, unicórnios, corvos gigantes e um provável ataque zumbi, nossos protagonistas vão juntando as peças e tentando salvar o mundo. O prazo? Curto. Mal dá pra se preparar pra batalha à frente, especialmente quando uma batalha anterior mal havia acabado. As perdas físicas e emocionais estão presentes o tempo todo. E, além disso, os personagens ainda precisam lutar em suas próprias batalhas pessoais.
Reyna brilha demais neste livro, e sim eu já a amava antes. Mas, neste livro, ela tem tempo de brilhar como mulher forte e maravilhosa que é, a conclusão de seu personagem foi f#d@ e nem um pouco forçada. AMEI 100%, é de mulheres assim que precisamos no mundo. Frank é um fofo e eu gosto dele de graça ♥. A Hazel foi um pouco mais complexa, ela nunca foi estrelinha pra mim, mas pude conhecer mais dela neste livro e gostei do que vi, estarei aqui pronta pra mais dela.
O grande diferencial deste livro é que como se passa num ponto fixo são os outros personagens que chegam pra ajudar, arrepiei com os nomes que já vimos anteriormente em outras sagas. Mas, deixa te preparar: temos muitas mortes aqui. NÃO DÁ PRA NÃO SOFRER, mano foi complicado e eu bem queria que eles tivessem sido esquecidos ao invés de terem morrido em batalha. É, aquele conceito de ‘destinado a ser’ é muito forte neste livro e isso deixa a gente muito ansioso no decorrer do livro inteirinho.
“Você está certa. Eu não tenho como saber que tudo vai ficar bem. Mas posso prometer que não vou desistir. Já chegamos tão longe. “
Eu sempre achei enquanto lia essa saga que o Apolo apesar de carismático não ia segurar por muito tempo o protagonismo. E eu ia confirmar isso neste livro, exceto que não foi o que aconteceu. FINALMENTE o Apolo cresceu de verdade, o que ele faz neste livro e como se comporta me deixa MUITO feliz. Ele, depois de milhares de anos, finalmente está agindo como alguém decente e ainda mantém um jeito Apolo de ser. Também é bem claro neste livro o quanto o Apolo é complexo apesar de parecer um idiota, a mistura com outras mitologias e como toda a cena que ele participava era um tanto quanto uma alegria, quanto uma tristeza… Apolo cresceu em mim de formas que não esperava real, e olha que no começo desta leitura eu tinha ido reclamar com a Debyh que estava achando fraquinho o livro e que o Apolo não estava carregando… Como as coisas mudaram em apenas algumas outras páginas a mais sendo lidas.
Um enorme mérito em ter o Apolo como personagem é a forma natural que a bissexualidade dele é abordada, ele viveu tanto tempo que as restrições de gênero não significam nada pra ele. Eu amo a parte onde deixa claro que ao ser bi você conseguirá 50% a mais de rejeições, hahahahaha não tem como não rir. E todos temos que concordar com Apolo que bombeiros são sexys, estou com você nessa Apolo.
“Talvez a Flecha de Dodona possa ajudar a refrescar minha memória. Pelo menos ela me insulta em linguagem floreada e shakespeariana.”
Vamos falar sobre um tema que brilhou neste livro e que, uau, foi muito bem abordado: a relação dele com a Meg, meu deus como é perfeita. Sinceramente eu tenho visto muito de uma relação familiar entre ele e a Meg, é tudo tão fofo que só quero gritar. Num primeiro momento não temos muito o que comparar a Meg e o Apolo, já que ele é um deus e ela uma semideusa maluca, mas quando passamos dessa primeira camada chegamos num tema que não parecia plausível antes e é o RELACIONAMENTO DE PAIS ABUSIVOS que ambos passaram. Apolo sofreu abuso de seu pai e muito da sua personalidade decorre desses traumas, a Meg igualmente vem de uma situação parecida onde ela muito nova acreditava que isso era normal.
O ponto é que enquanto a Meg tentou mudar, o Apolo perpetuou o que viveu. Apolo por fim começa a perceber que o abuso sofrido não podia justificar todo o abuso que ele cometia, e é aqui que ao pensar, sentir, e questionar ele chega em conclusões óbvias porém que não eram simples de entender. Perdoar a si mesmo e aprender a se amar de uma forma honesta, e entender que às vezes o abusador não merece seu perdão e está tudo bem seguir em frente e ser feliz. Tio Rick, obrigada por falar sobre isso de uma forma tão direta e ao mesmo tempo sensível. É por esses pequenos detalhes que eu amo os livros do Rick Riordan,
“Eu não podia testemunhar a morte de outro amigo. De alguma forma, consegui ficar de pé, mas fui lento demais”
Sobre o livro eu tenho muito a dizer em um ponto que nunca esperei dizer nos livros do Rick. Acontece que o autor percebeu que seu público foi crescendo e com ele o conteúdo do livro também amadureceu, e ter notado isso meio que me assustou mais do que me deixou feliz. Se nas sagas anteriores tínhamos a certeza de que tudo ia dar bom e ninguém ia morrer, não existe mais essa certeza agora. Os livros vem evoluindo em mortes e em como lidar com perdas, e isso é doloroso. Algumas pessoas que morrem eram muito amadas, já outras nem tiveram muito tempo pra gente se apaixonar completamente, mas no meio de uma guerra as vidas vão se perdendo de forma assustadoramente rápida.
E aqui temos o pós batalha também, o estresse pós-traumático e o luto advindo das perdas. A morte é sempre dolorosa, e os que ficam sempre vão carregar parte daquelas pessoas que morreram pra que todos os outros pudessem permanecer com suas vidas Em alguns momentos é de cortar o coração as conversar daqueles que sobreviveram, foi muito honesto e bonito, porém muito doloroso de se ler. Mas, apesar disso temos muito humor aqui, especialmente quando um certo personagem se declara pra outro personagem, eu só fiquei rindo por uns 15 segundo sem parar. Eu fiquei constrangida por tabela e não conseguia parar de rir, foi uma das risadas mais honestas que dei nos últimos tempos. Obrigada por isso, eu precisava.
E aí chegamos no final, eu já estou com o próximo livro em mãos, obrigada Intrínseca por me mandar o livro tão rápido hahahaha. Porém não sei se quero ler agora, Não quero acabar a série, mas ao mesmo tempo quero saber como termina. As coisas estão muito tensas e sinto que no próximo livro teremos meu PercaBeth, mas é a batalha final e estou realmente receosa do que pode acontecer. Essa série é querida demais, esse universo é maravilhoso demais… não estou pronta pra dizer adeus ao Riodanverso (universo do Rick Riordan).
Livro maravilhoso, recomendo totalmente que leiam todos os livros do Rick e colecionem, façam encontros (online atualmente por causa do covid), tatuagens e me convidem pra encontros. Precisamos manter o burburinho pra que o autor continue escrevendo neste universo pra sempre. Talvez eu seja uma viciada nos livros o Rick Riordan? Talvez, mas gosto de acreditar que sou dedicada. Vamos pra Torre de Nero, e eu pressinto que não vai sobrar pedra sobre pedra… do meu coração no caso.