Rick Deckard é um caçador de recompensas, vivendo em uma San Francisco decadente, coberta pela poeira radioativa que dizimou inúmeras espécies de animais e plantas. Um novo trabalho pode ser o ponto de virada para melhorar seu padrão de vida e realizar seu sonho de consumo: uma ovelha de verdade, para substituir a réplica elétrica que ele cria em casa. Para isso, Deckard precisa perseguir e aposentar seis androides que estão foragidos, se passando por humanos. Mas as convicções do detetive podem mudar quando percebe que a linha que separa o real do fabricado não é mais tão nítida quanto ele acreditava.
Em Androides sonham com ovelhas elétricas?, título original deste livro, Philip K. Dick cria uma atmosfera sombria e perturbadora para contar uma história impressionante, e abordar questões filosóficas profundas sobre a natureza da vida, da religião, da tecnologia e da própria condição humana.
EU AMO O TÍTULO DESTE LIVRO!!! Androides sonham com ovelhas elétricas? é o melhor nome pra sempre, porém Blade Runner é de fato mais conhecido e por isso está enorme na capa desta versão nova maravilinda. Eu sou meia suspeita com esse livro, porque apenas amo demais e a releitura foi deliciosa de ser feita. Este inclusive é um dos motivos pelo qual eu quis fazer parceria com a editora Aleph, um local que tem esse tipo de livro eu preciso ler a maior quantidade de livros deles possível. Um enredo eletrizante, um protagonista carismático e muitas peripécias com altas aventuras MUITO LOUCAS e que te farão pensar sobre diversas coisas importantes, simbora pra resenha!
O mundo está numa situação pós-guerra nuclear, alguns humanos conseguiram fugir pra colônias espaciais porém muitos permaneceram na Terra destruída e quase exaurida. Seria até mais ou menos ok se não estivesse o mundo todo coberto de poeira radioativa e é nesse local maravilhoso que conhecemos Rick Deckard um caçador de recompensa. O que ele caça? Androides que são tão pra frente que são bem próximos dos humanos, quase idênticos na verdade. Bom, eles são quase humanos exceto que os robozinhos não sentem algo essencial pra viver em sociedade: empatia. Daí nosso amigo agora precisa salvar o mundo, mesmo que basicamente ele não saiba se isso é o certo a se fazer.
“A realidade é aquilo que, quando você para de acreditar, não desaparece.”
Nosso protagonista é carismático, eu adoro ele logo de cara. Quando alguém quer criar uma ovelha em casa já tem 80% do meu carinho imediatamente. Ele está nas ruas controlando os androides e pondo ordem na casa, visando algo que todos nos queremos: ganhar dinheiro e não ter mais que trabalhar. Vamos falar sobre a situação do nosso planeta, obviamente já deu pra notar que não é das melhores. Quem tinha condição, sorte ou possibilidade abandonou o planeta após a guerra, já que a escassez de recursos é real. Basicamente a gente ferrou o planeta e fomos buscar o próximo pra gente destruir, somos tipo um cupim de planetas. Aqueles que ficaram acabaram sendo denominados de especiais porque vivendo na porcaria que o planeta ficou e a poeira radioativa algumas coisas mudaram no ser humano. E nessa sociedade temos androides e humanos convivendo juntos, na verdade os androides são os novos escravos que encontramos pra sugar até o limite. E aqui que entra um fato interessante, os animais. Por razões simples eles se tornaram quase extintos e são super caros/raros. Esse inclusive é um dos sonhos de nosso protagonista, possuir um animal. Ahh, deixa dizer uma coisa importante que meio que define a raça humana. Os animais não podem ser cuidados por androides já que eles não possuem empatia e portanto não conseguem manter os animais vivos e eles morrem. Então a prova suprema de que você é humano é conseguir cuidar do animal, eu que sempre matei todos os peixinhos que tive me senti meio ofendida com isso, mas tá valendo.
“- Você está falando dos velhos livros?
– Histórias escritas antes da viagem espacial mas que falavam de viagem espacial!
– Como alguém poderia ter escrito histórias sobre viagem espacial antes que….
– Os escritores – Pris Disse – “eles deram um jeito”
Enfim, vamos acompanhando o nosso protagonista em sua caça aos androides e num dado momento o moço começa a se perguntar se o que ele está fazendo é correto. Tipo, é verdade tudo que é dito dos androides? E quando situações inesperadas começam a acontecer o moço terá que usar sua própria cabeça para embasar todas as suas decisões. Aqui começa um jogo interessante entre o autor e os leitores, seria o nosso protagonista um androide? Com o desenvolvimento do enredo temos algumas situações que provam e outras que negam, mas o ponto é que não sabemos exatamente o que é ser humano e neste caso o título ilustra bem a vontade dos androides em ser um já que a capacidade de sonhar é algo bem humano. Só possuir essa vontade meio que não te dá algo mais do que apenas uma consciência de uma máquina? Temos um duelo entre humanos que são piores que androides e androides que apenas querem ser algo mais do que uma máquina. A mídia tentando manipular e a massa popular aceitando ser manipulado, o que é nada de novo com o mundo que vivemos. É uma roda gigante de emoção ligada no 220 e todos amamos essas subidas e descidas rápidas!
“Alguma vez você já aposentou um ser humano por engano?”
Gosto muito do questionamento religioso que o livro nos apresenta, além de sempre deixar no ar a ideia do que é estar vivo e do que é ser humano. Blade Runner vai nos conduzindo de forma magistral para pensar em coisas que não pensaríamos normalmente, e esse é um mérito enorme desta obra. A história é meio louca, mas ainda assim faz todo sentido especialmente sobre o que é ser humano. O protagonista nos leva junto em sua jornada onde conhecemos mais deste mundo e dos androides que devem ser tratados como escravos e fazer o nosso trabalho sujo. Mas, como controlar androides que possuem inteligencia tão alta? E no mais porque eles devem fazer todo o trabalho sujo, porque veja bem se eles tem uma noção de quão ruim é a situação deles pra fugirem meio que eles não tem consciência? A escravidão sendo de androides não é escravidão? Opa, opa… olha o que Blade Runner faz, TE FAZ PENSAR! Philip <3 seu lindo. Outra das coisas mais legais de Blade Runner é o teste de empatia de Voigt-Kampff, mas sendo sincera a maioria das pessoas hoje em dia seria tudo androide porque quase ninguém passaria no teste de empatia. Mas no contexto do livro os androides não sentindo compaixão pelos outros se tornariam assassinos frios e solitários que matariam humanos sem qualquer restrição para assumir o controle do mundo, mas será que é isso mesmo? O teste serve pra descobrir quem é androide e garantir a segurança dos humanos. O ponto é que durante o livro vemos muitos androides que são mais capazes de sentir do que humanos e isso acaba sendo essencial para o nosso protagonista. Olha a ironia de que os humanos devem friamente não ter compaixão dos androides parra matá-los enquanto os androides apenas querem sobreviver.
“Eu não sei porque ele salvou a minha vida. Talvez naqueles últimos momentos ele amava a vida que ele jamais teve. Não apenas a sua vida – a vida de ninguém, a minha vida. Tudo o que ele queria eram as mesmas respostas que o resto de nós quer. De onde foi que eu vim? Para onde vou? Quanto tempo eu tenho? Tudo que eu podia fazer era sentar lá e vê-lo morrer. É parte do negócio.”
Blade Runner tem muitos pontos altos, sendo muito bem escrito e tematizado, dá pra sentir o universo e toda a decadência futurista. Vemos o autor lidando com assuntos sérios e assuntos divertidos sem pesar na balança, o que dá leveza e profundidade em quantidades exatas. Tipo com o Buster Friendly que é o apresentador que nos informa sobre várias situações de forma única, gosto quando ele fala do rival dele hahaha. Se eu tiver que criticar algo eu preciso dizer que a representação feminina é bem estereotipada com as mulheres sendo bem… digamos burras, objetificadas e fúteis. Elas não acrescentam muito no enredo sempre sendo o pilar pro homem executar sua ação (seja boa ou má), e também pra ressaltar sua sexualização por ser mulher. Aquela ideia antiquada de que homem não nega sexo é tão idiota que eu só desconsiderei. Não me incomodou muito, mas é algo que dá pra perceber e por isso é bom eu informar aqui até porque o livro te faz pensar por um lado e te freia com besteira do outro. E é por isso que tirei uma estrela do livro, mesmo que ame bastante a leitura isso não me impede de ser honesta com seus problemas. Além disso em alguns momentos o livro é lento, mas no geral é uma leitura ótima. Então pra finalizar preciso dizer que RECOMENDO DEMAIS Blade Runner! Vamos juntos sonhar com androides e adotar ovelhas e avestruzes pra sermos felizes! <3
Olá, tudo bem? Vi esse livro pela primeira vez agora há pouco, e confesso que logo de cara ele já me chamou a atenção pelo título “diferentão”, haha. Parece ser uma leitura muito bacana e diferente do que estou acostumada, já quero ler!
Beijos,
Duas Livreiras
Eu achei essa nova edição da Aleph linda demais.
Li na semana passada e gostei demais. Amo o filme e enrolei para ler por medo de me sentir confusa com a escrita dele. Mas fiquei apaixonada pela forma maluca de escrever <3
Oi, Angel! Acabei de ler uma resenha desse mesmo livro em outro blog e não imaginei que sua resenha fosse enaltecer ainda mais essa obra! rsrs
Como eu disse antes, não curto tanto sci-fi, mas já vi que esse é um livro do tipo “must-to-read”. Espero gostar tanto quanto vocês gostaram.
bjos
Lucy – Por essas páginas
Olá!
Segunda resenha que leio desse livro, e confesso que não me animei para realizar a leitura, é o tipo de livro que não me atrai sabe, mas fiquei bem curiosa com esse título rs’ quem sabe algum dia eu de uma chance!
beijos!
Olá, tudo bem?
Confesso que não conhecia essa obra, mas parece ser bem interessante. Eu até curtia leituras nesse estilo, mas depois da chegada da minha bebê não tenho conseguido ler quase nada, aí acabo focando em livros bem leves, sabe. No entanto, gosto de livros que nos fazem refletir, é uma das coisas mais importantes.
Beijo.
adoro suas resenhas elis <3 sdds dela, só mais umas semanas e volto a acompanhar o blog diganamente <3
quanto ao livro: JA QUERO!! meu sonho parceria com a aleph, os scifi que me interessam são em maioria deles. esse ao que parece é uma critica bacana mas de um jeito bem atwood de ser ( não consigo traduzir sem usar o nome dela kk).