Romance de estreia de Josh Malerman, Caixa de pássaros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler. Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.
Esse é um livro que fala de um medo enorme que eu tenho: não poder ver. Imagine uma situação onde você não pode usar a sua visão, onde o perigo existe mas você não pode vê-lo. Essa é a realidade deste livro, é um suspense psicológico bem original, onde o principal aqui é o que não pode ser visto. Todo o contexto acaba por colocar o leitor com a perspectiva do personagem sem saber o que temer, aumentando ainda mais a tensão da história. O bem da verdade é que Caixa de Pássaros é uma experiência sensorial, e caros amigos: sem a visão pra guiar vocês como sobreviveriam?
“É um blecaute, pensa Malorie. O mundo, o exterior, está sendo desligado. Ninguém tem respostas. Ninguém sabe o que está acontecendo. As pessoas estão vendo alguma coisa que as leva a machucar os outros. A machucar a si mesmas. As pessoas estão morrendo.”
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Um dia alguém deu uma notícia de assassinato com condições bizarras na internet, chocando muitos e transformando o fato em viral e todos sabem como essas coisas acontecem da noite pro dia na internet, certo? O bem da verdade é que coisas bizarras estão acontecendo e através da internet os relatos se somam de forma assustadora, como um fenômeno misterioso em escala global. Um na Rússia, outro no Japão, outro no Canadá… no mundo inteiro pessoas começam a matar as pessoas próximas e se suicidarem em seguida (maridos com esposas, irmãs, pais e filhos…). No início alguns ignoram o fato acreditando ser apenas uma coincidência, outros começam a elaborar teorias das mais loucas, o que importa é que de fato algo está acontecendo, algo que, pelo que a maioria começa a acreditar, ao ser visto deixa as pessoas loucas. Malorie e sua irmã não apenas estão preocupadas com essa situação bizarra, elas também estão preocupadas com a recém descoberta gravidez de Malorie. E enquanto o mundo começa a colapsar os seres humanos terão que tomar uma atitude ou encarar o possível extermínio da espécie por algo que eles nem sabem o que é.
“Você esperou quatro anos porque aqui, nessa viagem, neste rio, onde loucos e lobos a espreitam, onde as criaturas podem estar por perto, neste dia você terá que fazer uma coisa que não faz mais há muito mais que quatro anos… ABRIR OS OLHOS.”
E nesse contexto as pessoas começam a ver alguma coisa, ninguém sabe dizer o que é, já que uma vez visto as pessoas são tomadas por uma loucura homicida seguida do suicídio. Mas existem pistas, cochichos e a realidade vai mudando com as janelas pintadas de pretos, casas isoladas, o afastamento das pessoas. Malorie neste momento está vivendo sozinha numa casa com duas crianças e temos flashsbacks do que aconteceu com ela, do que aconteceu com o mundo. Malorie é bem fria com seus filhos, treinando-os a nunca abrirem seus olhos e sempre ouvirem o máximo que puder, pois apenas assim poderão sobreviver. Algumas vezes eu me perguntava se Malorie estava louca, não entendia o comportamento dela com as crianças, pensava que era cruel. Mas a verdade é que ela manteve as crianças vivas e eu não posso pegar os meus valores e aplicar na situação dela. Contudo ainda acho que ela deveria ser mais mãe dos filhos e menos a salvadora. Todo esse treinamento nas crianças tem um motivo: é para garantir a sobrevivência deles para saírem da sua atual casa, encontrar com outras pessoas em um lugar “mais seguro”, isso é, se existir ainda um lugar que possa ser chamado assim.
“Seja o que for as nossas mentes não conseguem entender, Pelo que parece, as criaturas são como o infinito, algo complexo demais para nossas cabeças.”
A história é contada entre os capítulos atuais e o passado no início de toda essa situação. Não sabemos como aconteceu, mas entendemos um pouco da experiência que Malorie passou. A verdade é que sobreviver é duro e pelo meio do caminho muitas pessoas foram perdidas. E então temos o isolamento, o medo do desconhecido, a incerteza da sobrevivência… Será que morreremos primeiro de fome ou de um ataque? Como relaxar se qualquer barulho diferente pode ser a causa da sua morte? Como diferenciar uma folha que cai do passo de um ser desconhecido que se eu ver me matará? Essa ansiedade e desgaste vai acabando lentamente com a esperança, e por consequência com as pessoas. Nesse ponto a dúvida é se as pessoas vão enlouquecer com os seres desconhecidos ou com eles mesmos.
O livro é intenso e o maior terror, pra mim, é o desconhecido. A cena no sótão foi muito boa, e assustadora. Humanos assustam às vezes mais do que qualquer entidade desconhecida e essa é uma verdade universal.
O lado ruim deste livro foi a lentidão, achei que em alguns momentos foi bem arrastado, e apesar de incomodo não achei assustador o livro. Talvez as expectativas estivessem muito altas e acabei me frustrando. Porém a trama é bem feita e o enredo muito bem construído. Achei a leitura divertida e recomendo para aqueles que gostam de sentir as pequenas nuances, elas vão dizer muito aqui.
Uhhhh…que coisa! Eu tô bem afim de ler esse livro e olha que nunca li e nunca tive vontade de ler nada de terror ou suspense “infinito” shuahusha xD Ri muito daquele gif da “boneca sem olho”… Eu lembro desse filme (do gif) até hoje 😛 Até apareceu no netflix…que coisa.
Foi um livro interessante, mas eu queria ter ficado com medo ahuahauhuahua
Livro interessante, comprarei. obrigado pela excelente critica
Eu acabei de ganhar um exemplar desse livro em um sorteio e não vejo a hora de ler, morro de curiosidade com essa trama e acho que vou gostar bastante da leitura. Adorei a sua resenha!
Oi, tudo bem? Ainda não li o livro, porque o gênero não tem a ver com o que costumeiramente leio, mas com o filme, agora fiquei com uma vontadezinha de ler. Acho que a sua resenha foi a mais completa que já li e, por isso, tive uma visão mais completa da história e do mistério. Me convenceu bastante 🙂 Acho ótimo a gente não julgar as personagens, até porque eu sou escritora e comecei a trabalhar melhor as minhas personagens de modo que elas parecessem mais humanas do que idealizadas, então é claro que vai rolar um julgamento, mas a gente, como leitor, tem que entender que a personagem tá vivenciando uma situação que, talvez, a gente nunca vivenciou em um cenário que a gente nunca esteve, então como é que vai julgar? ótima reflexão, aliás. Obrigada pela resenha, adorei muito!
Love, Nina.
http://www.ninaeuma.blogspot.com
Olá, tudo bem?
Assim que esse livro lançou há uns anos atrás eu ganhei, mas na época ainda era muito presa a um gênero só e pensei que esse livro era pra um publico que realmente já gostava do gênero. Hoje que tenho um ar literário mais aberto, lendo sua resenha me arrependo amargamente de ter dado esse livro para outra pessoa. A premissa é fantástica, deixa o leitor apreensivo para a proxima cena e acho que isso torna a leitura maravilhosa. Eu pretendo compra-lo, mas estou esperando ele abaixar de preço por que com o filme vindo aí o preço dele subiu muito.