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8 abr 2018

Coragem – Rose McGowan

comentando sobre Livros Parcerias Resenha em Áudio Resenhas Resenhas de Livros Tags4 estrelas, autobiografia, Editora HarperCollins Brasil, Feminismo, Rose McGowan

Autor(a): Rose McGowan
Editora: HarperCollins Brasil
Nº de Páginas: 288
Comprar: Buscapé

CURTI

    • Rose McGowan nasceu em um culto e o trocou por outro, mais visível: Hollywood. Rose McGowan se tornou uma das atrizes mais desejadas de Hollywood da noite para o dia quando foi "descoberta" nas ruas de Los Angeles. O estrelato logo se tornou um pesadelo de exposição constante e sexualização. Todos os detalhes de sua vida pessoal se tornaram públicos, e as realidades de uma indústria inerentemente machista emergiam a cada roteiro, papel, aparição pública e capa de revista.Hollywood esperava que Rose ficasse quieta e cooperasse. Em vez disso, ela se rebelou e impôs sua verdadeira identidade e voz.

Esse foi o primeiro livro que li da nova parceria com a HarperCollins, eu não esperava que fosse o tipo de livro que deixa uma lição tão intensa. Eu esperava uma história de vida de uma mulher que viu o lado não tão bom de Hollywood, mas estava enganada. O que temos aqui é um exemplo de vida, é uma vida de apostas muito altas onde a autora foi quem pagou o pato de cada coisa errada e, caros companheiros, aqui temos muitas coisas erradas. O ser humano é muito difícil, o mundo é um lugar muito bom em destruir sonhos e pessoas.
Esse livro é a história de vida de Rose McGowan, que teve uma vida muito peculiar desde que nasceu e por isso foi levada a extremos tão intensos e revoltantes. Pode ser que você a conheça por seus papéis no cinema e televisão, mas o que ela apresenta aqui é o lado que fica bem escondido, o lado podre e sujo das seitas e da corrupção do mundo do entretenimento.
Tão tentador, tão horroroso. 
Dê play no áudio (ou Download )

http://euinsisto.com.br/wp-content/uploads/2018/04/coragem.mp3

“As mulheres sabem quando foram agredidas emocional, física ou verbalmente. E nenhum homem tem o direito de dizer o contrário.”

Começo dizendo que não sou fã de ler biografias, não é meu gênero favorito. Na verdade eu não gosto, ou me conta a sua vida cara a cara ou não quero saber… Também tenho problemas com memórias, já que querendo ou não você coloca algo seu ali, então meio que perde um pouco o sentido de escrever um livro porque você coloca ali apenas o que quer, logo eu penso que ao seu bel prazer o autor pode esconder fatos importantes que mudariam a nossa percepção de algo pra estarmos do lado dele, em resumo eu acho que as pessoas estão mentindo o tempo todo hahaha. É eu sei que sou complicada. Contudo existem algumas exceções, como por exemplo, a Malala ou o Silvio Santos. Ahh, me deixem eu sou estranha e vocês já deveriam saber disso depois de tantos anos aqui no blog. Dito isso eu comecei o livro com o pé atrás, eu nem ligava muito pra mulher, Rose, porque ela não significava nada pra mim. Mas, como foi um envio de uma nova parceria e março era o mês das mulheres eu li, e me julguem eu gostei. Achei que ela trouxe algumas coisas novas para pensar, especialmente sobre violência física e sexual. Dito isso bora conhecer mais sobre o livro.

“Você pode dizer ‘chega’.
Você pode dizer ‘sim’ para ser mais livre.
Você pode se libertar da armadilha que foi armada para você.
E, acredite, ela foi armada sim.”

Começamos o livro com Rose nos contando como ela trocou o culto religioso que foi criada pelo culto de Hollywood. E logo podemos entender pra que o livro vem: trazer a real sem maquiar. Ao perceber isso eu entendi o nome do livro, ela poderia ter adoçado a forma como fala as verdades. Ela não fez, dava pra sentir que o que ela compartilhava foram as coisas que fizeram ela sofrer, dá pra sentir a dor e foi isso que me encantou no livro. Ela tinha algo a dizer, algo que nós precisamos ouvir e que escorre pelas páginas do livro. É uma interessante história de vida da Rose, artista, que compartilha suas experiências como uma vítima de culto, sexismo e agressão física e psicológica. É óbvio que o mercado do entretenimento é uma merda com as mulheres, que abusa e pisa nelas, usando e jogando fora ao seu bel prazer, é um sistema que faz isso e continua fazendo. E é isso que a Rose nos apresenta sem rodeios, ela foi por diversas vezes a merda usada, pisada e jogada fora. Que jogue a primeira pedra uma mulher que nunca se sentiu usada seja por um homem, seja pelo sistema, seja pelo mundo que é governado por regras criadas por homens. Eu sei que só por isso muitos não vão querer ler este livro, mas é justamente por pessoas que fingem não ver ou pior, não se importam que este tipo de livro precisa existir. Precisamos discutir o assunto, precisamos entender que as coisas estão erradas ou mais vítimas continuarão a existir. Quantas outras Roses precisamos criar pra entendermos que as coisas estão erradas? E só por o livro se levantar e gritar que não está certo fazer essas coisas que eu já adorei ele.

“Por que o desejo de um homem toma meu direito à igualdade? O que faz com que certos homens pensem que suas perversões são mais importantes do que o direito que uma mulher tem de existir como ser humano livre na sociedade?”

O livro vai quebrando um a um os rótulos que temos predefinidos pra Rose, atriz mundialmente famosa, que temos, enquanto lemos a história dela vemos que ela é mais parecida conosco do que qualquer um esperaria. Afinal, ela é apenas mais uma mulher e por isso somos iguais. Imagino o tamanho da coragem que ela teve para escrever esse livro, expor todas as coisas tão sujas que ela viu, foi vítima ou participou na sua vida. Vemos a experiência dela enquanto membro de um culto religioso, onde o fato de ser mulher a oprimia de forma chocante e a consciência que ela ia criando enquanto crescia forjada de forma bem errada e que veio a criar muitos traumas futuros. Depois ao chegar em Hollywood a opressão que vinha de outra forma, mas igualmente dolorosa. Não é pra sentir pena dela pelo que ela conta no livro, eu sinto que o que ela queria não era a pena de ninguém, o que ela quer é contar a verdade e fazer as pessoas entenderem que isso está errado e precisa mudar. A violência é bem explícita, mas dá pra sentir que é real e não exagerada. Porque ao olhar a atriz tão sorridente e famosa, não dava pra dizer que ela havia sido vítima de uma série de homens que a intimidavam, sexualizavam e abusavam dela desde muito cedo, e de forma constante. Além de inserir um questionamento quanto ao uso do estupro como forma de motivar as mulheres no cinema, quando uma mulher precisa sofrer pra superar algo é sempre usado o estupro, assédio e violência sexual, dizendo que assim a mulher poderá crescer. Sempre achei isso nojento e concordo demais com ela quando bate nessa tecla. Não é engrandecedor passar por um estupro ou violência sexual, espero que possam mudar a representação feminina nos cinemas e este é um bom início, trabalhem melhor as mulheres e não saiam fazendo isso pro seu bel prazer fetichista.

“A sociedade dá passe livre aos homens. ‘Eles não se controlam’. ‘Você os levou a fazer isso com sua beleza’. Ouvi isso muitas vezes. ‘Eles não conseguem se conter. Ah, coitado, ele não aguenta.’ Ah, vá se foder, isso se chama agressão. Ninguém diz o que é de fato nessa sociedade, mas está na hora de começar.”

Eu vou falar pouco sobre a história em si, porque acredito que vocês deveriam ler a narrativa feita pela Rose. Contudo, vou falar um pouco pra poder dizer que fiz uma resenha e não um desabafo hahaha. A Rose é italiana e cresceu num culto religioso onde todos os líderes eram homens e as mulheres deviam obedecer e mimar os homens. Sendo guiada por seu pai, a moça aprendeu que não devia gostar de ser mulher, que a existência dela era pra comprazer os homens. Em algum momento seu pai fugiu com os filhos e abandonou a mãe, eles seguiram pros Estados Unidos. A vida então se alternava entre estar com o pai, fugir de casa e estar sozinha, além de em alguns momentos estar com a mãe que também fugiu do culto. Com a mãe ela aprendeu sobre os relacionamentos tóxicos e por isso ela acabou sozinha de novo. É nesse ponto que ela, precisando de dinheiro, faz uma ponta em um filme. Daí seguimos a história para o mundo do entretenimento e nas suas relações pessoais e profissionais no meio. Temos a narrativa dela falando de um executivo que a convidou para uma reunião em um hotel onde ele apenas queria abusar sexualmente dela, no livro não temos o nome do senhor babaca, mas é fácil saber que é o Harvey Weinstein, que nojo deste homem. Tem um artigo sobre ele aqui neste link, sobre as muitas denúncias de assédio deste senhor dos infernos. Após o evento ela quis denunciar, não deixar barato, mas seu agente na época ‘aconselhou’ a moça a deixar pra lá. E isso mudou ela um pouco mais, diminuiu a mulher que ela era. E por muitas situações de merda ela foi deixando de ser uma pessoas cada vez mais e mais. Vemos vários homens que colaboram pra ela se sentir cada vez menor, seja num relacionamento abusivo, ou seja com a forma em que os homens com poder controlam as mulheres de acordo com seus fetiches e vontades. E o pior é que estes homens se sentem livres em tratar as mulheres da forma que querem, seja sexual ou não, porque possuem poder pra isso. A verdade é que eles abusam e é isso mesmo, ninguém liga e ninguém se importa.

“Existe uma diferença entre ser sexual e ser sexy. Não há nada de errado nisso. Sexualizada é quando os outros fazem mudanças para o benefício deles. Eu tinha participação naquilo. Não dizia não, mas, como muitas mulheres em seitas, não sabia que podia dizer não. Tinha perdido minha voz. Tinha me perdido. Mas meu eu tentava me acordar desesperadamente.”

Quer saber o que de fato é maravilhoso nesse livro? Não é um livro sobre homens, a verdade é que é um livro sobre o que homens fazem com mulheres. É sobre como somos condicionadas a acreditar que eles, homens, tem o direito de fazer isso ou qualquer coisa conosco, afinal você é uma mulher e todas as mulheres devem aceitar isso. Se você não aceitar, será substituída pela próxima que vai aceitar e ainda ser grata. Todo mundo sabe, todo mundo fecha os olhos e finge não saber. É, foi um tapinha na minha cara e eu tento ser uma boa pessoa. Sobre o lado ruim, é que por enfatizar tanto a situação de merda a Rose não fala sobre bons exemplos ou coisas boas. Eu entendo que ela encontrou os piores tipos de merdas, mas em nenhum momento houveram coisas boas? Eu gostaria de ter lido algo bom também, e essa seria uma pergunta que eu faria se a Rose estivesse me contando pessoalmente. Eu não julgo que o que ela passou foi uma merda, eu só queria que ela também tivesse se deparado com coisas boas. E, também no final senti um pouco de exagero em se divulgar, mas ela merece todos os logros que conseguir. Bom, o livro segue uma fórmula bem simples que é basicamente passar pela infância, passar pela fama abordando seus projetos passados, seus relacionamentos e, por fim, chegar ao que está fazendo atualmente. Espero que o livro ajude as pessoas a pensar melhor sobre os abusos e que façam aqueles que estão nesta situação perceberem que sim, eles precisam gritar por ajuda e que sim, existem pessoas dispostas a ajudar. Foi um bom livro, necessário e que me ensinou algumas coisas, especialmente ao estar em um lugar muito diferente do meu. Torço para que o mundo se torne um lugar melhor pras mulheres e pra todo mundo, fico feliz pela Rose ter encontrado a sua voz e por ter tido coragem de compartilhar ela com todos nós. Obrigada. 

  • Este livro nos foi cedido pela editora HarperCollins Brasil, porém as opiniões são completamente nossas e sinceras. Não sofremos nenhum tipo de intervenção por parte da Editora em nossos comentários.

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  • 100 Escovadas Antes de Ir Para a Cama
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• Postado por Angel Sakura
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Leia os últimos comentários também...
  1. postado em abril 27, 2018 às 9:47 am
    autor: Anônimo

    Ola
    Nossa que leitura interessante, pois é sempre vemos o lado bonito da coisa, mesmo sabendo que existe essa possibilidade, parece que fechamos os olhos. Legal vc sair da sua zona de conforto e no fim acabar gostando.
    Vou anotar a dica para uma leitura no futuro.
    Bjus

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