Aos 30 anos, Eleanor Oliphant trabalha na área administrativa de uma empresa de design e leva uma vida solitária, mas feliz. Apesar de ser alvo de bullying no ambiente de trabalho por sua aparência e hábitos peculiares, ela não sente falta de nada e parece perfeitamente à vontade com sua falta de habilidades sociais. Mas tudo muda quando ela conhece Raymond, novo funcionário da área de TI da empresa, e os dois, por acaso, salvam a vida de um senhor que desmaia no meio da rua. Com sensibilidade e muito bom humor, a autora conta a história de uma amizade que muda para sempre a vida de três pessoas muito diferentes, que descobrem que a melhor maneira de sobreviver é abrindo o coração.
Que livro meus amigos, que livro! Eleanor Oliphant Está Muito Bem deveria ser leitura obrigatória na vida de todos porque, e isso é importante, todos deveriam aprender com a Eleanor que as coisas vão ficar bem, mesmo que não estejam bem. Esse livro não seria uma escolha que eu faria sozinha, mas como foi sorteado no clube do livro Entrelinhas acabei lendo e me apaixonando. Já pode reler?
Eleanor é uma mulher com uma vida programada, ela faz as mesma coisas todos os dias, da mesma maneira, tudo sempre igual em uma rotina perfeita e sem contratempos. Ela não tem pessoas próximas e no rosto trás algumas cicatrizes de algo que aconteceu no passado e que de alguma forma representa o que ela é hoje. Uma mulher marcada que pretende controlar a vida para não ser surpreendida com coisas ruins.
“… quanto mais solitária uma pessoa fica, menos ela se torna apta a circular por correntes sociais. A solidão cresce à sua volta, como mofo ou pelos, um profilático que inibe o contato, não importa o quanto se deseje o contato. A solidão cresce gradualmente, estendendo-se e perpetuando-se. Depois de implantada, não é nem um pouco fácil desalojá-la.”
Eleanor tenta jogar no seguro, na verdade ela consegue por muitos e muitos anos. É a pessoa de confiança que faz o trabalho que ninguém gosta, é a pessoa que usa o mesmo estilo de roupa, come a mesma comida e se comporta da mesma forma todos os dias do ano. Ela é a representação do que tédio significa hahaha. Ela quer a vida segura mas… esquece que a coisa mais linda da vida é a imprevisibilidade, mesmo tendo uma rotina, um passado e algo como uma vida chata, o destino não deixa a coisa assim pra sempre, e por isso a moça acaba se apaixonando por um rapaz que ela vê de longe. E esse é o primeiro ponto de virada na vida desta protagonista que vamos aprendendo a amar página por página. Ela é estranhamente desejável.
“A vida se resume a tomar atitudes decisivas, querida. O que quer que você queira fazer, faça; o que quer que deseje, pegue. O que quer que você resolva levar a cabo, LEVE. E viva com as consequências.”
Pra ter uma chance em seu relacionamento ‘futuro’ a moça decide ser a melhor pessoa que ela pode e nessa transformação ela acaba também fazendo um novo amigo que caiu dos céus mesmo que ela não saiba. Raymond é o homem que ajuda no conserto de seu computador e ao prestar socorro à um idoso na rua ela e Raymond se aproximam e se tornam amigos, mesmo que entre eles os dois sejam tão enormemente diferentes que é ótimo de acompanhar.
Sendo realista eu não sei se seria amiga de qualquer um deles assim de cara, mas sei que com o decorrer da história eu me apaixonei pelos dois de tal forma que hoje só queria os dois na minha vida real oficial. E assim a vida de uma rotina complexa se torna algo que vai mudando dia a dia com aquisição de novas pessoas, novos lugares, novas cores a cada dia, que é basicamente como a vida é quando a gente não se tranca ou isola sozinho no nosso próprio mundinho: não podemos permanecer na zona de conforto, temos que viver as nossas vidas com tudo que ela pode nos oferecer.
A solidão que ela vive é quase uma imposição escolhida por ela e cabe a protagonista sair dela, acompanhar essa libertação é MUITO bom.
“Hoje em dia, a solidão é o novo câncer – uma coisa vergonhosa e embaraçosa, que se abate sobre você de um jeito obscuro. […] tão horrenda que você não ousa mencionar; as outras pessoas não querem ouvir a palavra dita em voz alta por medo de também serem atingidas, ou que ela possa tentar o destino a impor um horror parecido sobre elas”
Gosto do fato da Eleanor não gostar romanticamente do Raymond, mas ao mesmo tempo ela vai aprendendo que as coisas que ela acha não gostar nele são características que tornaram ele essa pessoa única a qual ela adora ser amiga. Ele é muito diferente da sua ‘paixão’, mas ao mesmo ele é quem faz bem pra ela e cá entre nós sabemos o que realmente importa e não é a beleza e sim o conteúdo. E então nossa mocinha vai crescendo e melhorando a forma como ela se relaciona com as pessoas, com o mundo e até mesmo com a sua mãe. Analisando a situação, ela vai amadurecendo, o que só me prova que a maturidade é mais do que número na idade e sim algo mais ligado ao estado de espirito e mentalidade. Sabe o enredo? É apenas sobre como a protagonista percebe que não está bem, que precisa mudar mas ao mesmo tempo é sobre ela estar bem em ser ela mesma e entender isso. Parece estranho, mas é isso. Uma pessoa complexa que se descobre enquanto descobre o mundo, mas ao mesmo tempo percebe que na sua história ela deve ser a protagonista e viver à própria vida.
E então temos nesse ínterim o andamento da história com o amadurecimento e florescimento tardio de Eleanor. Isso tudo abordando de forma muito delicada temas extremamente complexos como culpa, relacionamentos abusivos, bullying e muitos outros. Tá, vamos falar sobre o elefante branco na sala que é o relacionamento da Eleanor com a mãe, então né nem sei o que falar porque parece muito com situações que já passei, mas ao mesmo tempo é algo muito, MUITO pior que transformou a vida da protagonista de uma maneira quase irreversível. O ponto é que a Eleanor consegue dar um passo, consegue sair da sua bolha e enxergar o mundo enorme que existe se libertando de suas amarras, não é fácil as acompanhar esse desenvolvimento foi muito significativo para mim enquanto lia. Enfim, gosto muito do livro que vai progredindo e progredindo, revelando a protagonista como peça de um quebra cabeça e que quando montamos a verdade é realmente bem triste.
“Escute, o passado não terminou. O passado é uma coisa viva. Essas suas lindas cicatrizes, elas são do passado, não são? E ainda assim vivem em seu rostinho sem graça. Elas ainda doem?”
O que posso dizer deste livro? Ele me ensinou a ser uma pessoa melhor e raciocinar alguns comportamentos/julgamentos que tenho sem perceber o quão ruim eles são. Às vezes não pensamos em nossas atitudes e nem em como isso impacta na vida dos outros já que não são ator ruins na verdade. São brincadeiras bobas, mas que na verdade não são. Existem pessoas incapazes de se defender ou falar que estão se sentindo incomodadas com o que o outro fala e isso acontece por n motivos, mas não se defender não quer dizer que a pessoa não esteja sendo marcada todas as vezes pelas brincadeiras e entender isso foi bem importante pra mim. Outro ponto interessante que o livro nos faz pensar é sobre os pré conceitos que todos temos, especialmente porque vemos isso do lado que é a vítima/receptora dos nossos achismos. Parece nada pra quem faz, mas mano é uma coisa enorme pra quem recebe as suas suposições sem que você sequer se dê conta disso. Ter visto isso com os personagens deste livro foi enriquecedor de uma forma que nem posso dizer.
“Eu não podia continuar e simplesmente passar pela vida, por cima dela, por baixo dela, em torno dela. Não podia continuar a assombrar o mundo como um espectro.”
E então quando vemos a Eleanor saindo do seu mundinho fechado e se tornando alguém melhor, é inevitável a gente não torcer por ela e por suas pequenas grandes conquistas. O QUE EU AMEI NO LIVRO FOI QUE A PROTAGONISTA ESTAVA SE SALVANDO, ela não precisava de um homem pra superar sua vida ou de qualquer outra pessoa, ela foi superando por ela mesma, por querer melhorar ela foi adicionando pessoas no seu mundo restrito e por acaso uma delas era um homem e que apenas ajudou dali em diante. Mas a decisão foi dela, sempre dela e isso foi o máximo. Acompanhar a jornada de evolução social e pessoal da Eleanor foi ótimo. Recomendo demais esse livro, apesar de termos uma certa lentidão no começo e um final abrupto, que combina plenamente com o enredo, o livro é especial e vale demais a leitura. Para pessoas mais velhas e que às vezes não percebem que pra mudar basta querer, que tal começar a mudança lendo este livro? Um livro ótimo, doce e o melhor, não é vitimista.
Ps: os telefonemas, quem leu o livro vem comigo conversar sobre isso que ai meu deus… o que era aquilo? Mano, quando revela eu fiquei de boca aberta, foi bem uau!
Oii!
UAU, eu acho que nunca li uma resenha para essa obra, mas a sua está tão completa e incrivel que me deu vontade de largar tudo e ler esse livro. Não imaginava que o enredo era tão incrivel.
Gostei de saber que após a leitura você conseguiu repensar e rever temas em você. Isso é muito bacana
Beijinhos,
Ani
http://www.entrechocolatesemusicas.com.br
Oi Debyh.
Eu não recordo de ter lido uma resenha sobre este livro e através da sua opinião eu fiquei com vontade de lê-lo. Acho que será uma boa chance para conhecer a escrita da autora e obter algumas reflexões. Obrigada pela dica e parabéns pela resenha.
Bjos