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11 nov 2019

O Homem do Castelo Alto – Philip K. Dick

comentando sobre Livros Parcerias Resenhas Resenhas de Livros Tags4 estrelas, Editora Aleph, Philip K. Dick, scifi

Autor(a): Philip K. Dick
Editora: Aleph
Nº de Páginas: 312
Comprar: Amazon

CURTI

    • 1962, a suástica é hasteada em Nova Iorque. A escravidão é legal, os judeus tentam sobreviver e o I Ching é tão comum quanto horóscopo. Nesta distopia, Philip K. Dick traz uma visão assombrosa da história que poderia ter se tornado real caso a Alemanha nazista e o Japão tivessem ganhado a Segunda Guerra Mundial. Este livro angustiante - adaptado pela Amazon Prime, ganhador do prêmio Hugo de melhor romance - estabeleceu Philip K. Dick no gênero, quebrando a barreira entre a ficção científica e o romance filosófico. Com design de Giovanna Cianelli, a capa conta também com ilustração inédita de Rafael Coutinho, que inspirado pelas obras de Norman Rockwell salienta um dos aspectos mais sombrios do livro: quão próxima da nossa realidade é a história alternativa criada por Dick.

Depois de um romance de época nada melhor do que uma distopia/ficção científica muito, mais muito assustadora e bizarra. Que tal pensar que a Alemanha e o Japão venceram a guerra? Pois é, se você nem consegue imaginar isso não se preocupe porque o Philip já fez isso.
O livro nos conta como seria o mundo se o eixo, Hitler e os nazistas, a Itália fascista e o Japão imperial, tivesse sido o lado vencedor na Segunda Guerra Mundial. Negros escravizados, judeus se escondem o máximo que podem para não serem completamente exterminados e Alemanha com Japão mandam no mundo. E assim passamos pela vida de diversos personagens nesse mundo que é assustador de tão bizarro, mas que ao mesmo tempo tem muitas coisas dos dias atuais.

“Não é orgulho; é uma hipertrofia do ego levado ao seu máximo — confusão entre quem adora e quem é adorado. O homem não devorou Deus; Deus devorou o homem. O que não compreendem é a fragilidade do homem. Eu sou fraco, pequeno, sem a menor importância diante do universo. Não sou notado dentro dele; vivo sem ser visto. Mas por que isto é mau? Não é melhor assim? Quem chama a atenção dos deuses é destruído. Seja pequeno… e escape à inveja dos grandes.“

Primeiro ponto que precisamos dizer é que na minha opinião o Philip é um gênio, a forma que ele consegue reescrever a história foi de fato fenomenal, o livro pode ter seus problemas de ritmo, mas como obra possível foi excelente. O livro começa com algumas leves alterações na segunda guerra o que garante a vitória do eixo, e já começa a ser assustador aí porque ao vermos o que o K. Dick fez dá pra notar o quão perto da vitória o outro lado esteve e o quão possível de termos a realidade do livro o mundo esteve. Claro, que é a imaginação do Dick, mas ao mesmo tempo seria possível, entende? Com isso o novo mundo vai tomando forma e, meu Deus, como foi detalhista e realista esse universo. Hábitos, costumes, trejeitos… tudo isso foi incorporado de forma natural neste livro. Alguns comportamentos que podemos vislumbrar em outros países foi adotado e a perda da identidade dos países derrotado foi enorme. O livro não se prende apenas nos Estados Unidos, temos toda uma noção de como as coisas se tornaram no mundo inteiro. E também temos toda uma história dentro da história, onde no universo do livro se questiona sobre o que teria sido do mundo se o eixo tivesse perdido. Genial, não é? Especialmente porque somos o universo alternativo deste universo alternativo.

“Em todo caso, pensou Mr. Bay nes, o ponto crucial está não no presente, nem na minha morte nem na morte desses dois S. D.; está — hipoteticamente — no futuro. O que aconteceu aqui estará justificado, ou não justificado, pelo que acontecerá depois.”

Enfim, o mundo foi meio que dividido entre os vitoriosos e uma guerra fria surgiu só que agora entre as duas superpotências restantes: os japoneses e o Reich. E foi assustador ver que a visão de Hitler foi implementada por outros que o fizeram com maestria tornando o mundo no sonho perfeito daqueles nazistas. E nesse meio vamos encontrando diversos personagens que divergem em como vivem as suas vidas. Alguns apoiando a realidade, outros com medo de fazer qualquer coisa que chame atenção para si mesmos e alguns que não estão satisfeitos. Mas o livro não é sobre esses personagens, é mais empírico. Ganhamos com a observação da existência deles no mundo, é sobre ver essa realidade como um todo e não apenas nos personagens. E eu entendo quando muitas pessoas dizem não gostar do livro, porque sendo sincera é difícil assimilar isso. Mas acho que esse problema deve ser resolvido com a série que esse livro inspirou. Porque a verdade é que não é tão interessante a vida do comerciante de antiguidade, ou na real, de qualquer um dos outros personagens. E não estou contando sobre a história porque o livro é pequeno e não quero trabalhar com spoilers, mas ressalto que o livro é mais sobre o mundo e sua futilidade além do destino inevitável pré definido do que sobre uma alteração na sociedade decorrente de uma revolução, espionagem ou etc.

“Quero saber por quê, pensou.
Mas não vou saber nunca.
O que devíamos ter feito? Feito o que em lugar disso?”

Sobre o lado ruim do livro posso dizer que o livro é um pouco complicado de se ler, é lento e não é o que podemos chamar de história que vai te prender porque é emocionante e tal. Temos muito sobre o mundo que a história acontece e suas funcionalidades, sobre a política e comportamentos sociais aceitáveis, mas pouco que nos faça amar os personagens apresentados. A ligação que criamos é mais com o mundo do que com quem habita nele, e isso é um pouco ruim já que não torci por quase ninguém. Meu cérebro estava no paraíso, enquanto meu coração estava fazendo fanfics alternativas com os personagens, e sim eu sei que isso diz mais sobre mim do que sobre o livro em si hahahaha. Também posso dizer que, novamente com o K. Dick, os personagens são estereotipados ao extremo. Temos que considerar a época que foi escrito, mas achei importante mencionar isso, e nem quero dizer que todos são esteriótipos ruins mas ainda assim é chato de ver. As mulheres também são negligenciadas, mas tem muito mais a ver com o machismo institucionalizado do que com doutrinar preconceito, que é o mesmo que acontece com os esteriótipos acima. O final aberto também pode incomodar algumas pessoas, porém o autor iria escrever uma sequência, é só que ele não conseguia mais lidar com nazismo e ficou só no plano das ideias.

“- Há outros de nós. Está ouvindo? Nós não morremos. Ainda existimos. Vivemos invisíveis.”

Em resumo esse é um livro muito interessante, menos ficção científica do que estamos acostumados com este autor, mas ainda assim deveras interessante. É uma visão alternativa do mundo e que assusta um pouco porque certos valores considerados ficção estão meio que acontecendo no nosso mundo real e é por isso que afirmo que esse livro assusta um pouco rs. É um livro com senso de histórico e humor bem negro que ressalta os problemas, em especial sobre os preconceitos raciais e étnicos. A sociedade fica propagando uma mentalidade paranoica que não alberga apenas os nazistas, e sim o todo. A grande moral simples de se encontrar no livro é que os vencedores contam a história e definem o que é certo e o que é errado, sendo assim seria bom que todos pudessem ver com seus olhos e com suas próprias consciências decidir o que é certo não apenas aceitando o que lhe é dito. Especialmente nos dias de hoje onde estão fazendo umas releituras históricas aí que me assustam totalmente porque os atos não deixam de ser bom ou ruim de acordo com ponto de vista. Bom ou mal é algo cuja essência é inquestionável, holocausto é ruim não importa sob qual ponto de vista é analisado e ponto.
Enfim, se o livro tratasse menos sobre as trivialidades da vida e mais sobre as coisas excitantes o livro poderia ter sido mais aceito entre os leitores, porém pra mim foi bem legal mesmo assim. Recomendo pra todos que gostam de olhar um mundo novo, mesmo que os personagens que nele habitam não sejam tão interessantes. Bem como para pessoas que gostam de se questionar sobre os diversos ‘e se’ que o mundo nos oferece até porque o livro é basicamente o que acontece em uma realidade diferente e ser isso foi suficientemente interessante pra mim.

  • Este livro nos foi cedido pela editora Aleph, porém as opiniões são completamente nossas e sinceras. Não sofremos nenhum tipo de intervenção por parte da Editora em nossos comentários.

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• Postado por Angel Sakura
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  1. postado em dezembro 10, 2019 às 8:01 pm
    autor: Larissa Dutra

    Olá, tudo bem? Caramba, que premissa mais interessante e diferentona! Nunca li nada do autor, acho que por medo de a escrita dele ser muito pesada e eu não entender nada, mas fiquei bem curiosa para ler esse. Adorei a resenha e dica!

    Beijos,
    Duas Livreiras

    Responder
  2. postado em dezembro 18, 2019 às 4:43 pm
    autor: Lucy

    Oi, Angel! Esse livro lembra um pouco Máquinas como Eu, que foi lançado pela Cia das Letras, tem resenha dele lá no blog!
    Gostei da premissa dessa história, chamou minha atenção, mesmo que os personagens não sejam tão interessantes. rs
    Bjos
    Lucy – Por essas páginas

    Responder
  3. postado em dezembro 20, 2019 às 4:58 pm
    autor: Rayanni

    Olá, tudo bem? Confesso que a obra é bem diferente de tudo o que já li, não sei se leria no momento, mas quem sabe futuramente né.
    Resenha está impecável.

    Responder
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