Após o desaparecimento repentino de seu pai, GabriellaMondini enfrenta uma crise: sem o seu aconselhamento, ela não pode mais praticar a medicina. Então, junto de seus dois fiéis servos, Olmina e Lorenzo, ela explora toda a Europa para descobrir para onde — e por que — ele se foi. Seguindo pistas das ocasionais e enigmáticas cartas do pai, ela vasculha as capitais europeias expandindo os horizontes de seu mundo e acrescentando conhecimentos ao imenso livro das curas que está escrevendo. No entanto, ela não conhecerá apenas os limites físicos do continente, mas, também, os mistérios do amor, da perda e da mortalidade. Mistérios que estão no coração de cada alma viajante, especialmente na alma de seu pai.
Eu fiquei louca por este livro quando li a sinopse que a Debyh me mandou, quando foi lançado esse mês comprei rapidamente. A premissa foi muito boa, porém a execução deixou a desejar. Talvez por ser uma leitura mais madura esperava um conteúdo mais bem escrito e um nexo melhor nas ideias do livro, mas temos que entender que é o primeiro livro desta autora portanto pra primeira vez foi um livro aceitável.
A história se passa em 1590 e temos como protagonista a Doutora Gabriella Mondini, que sai em uma busca para encontrar seu pai que está viajando/pesquisando pela Europa por 10 anos. Devemos dizer que ele está escrevendo um livro sobre doenças, o qual Gabriella o ajudava antes de partir. Devido à ausência de seu pai (e seu supervisor homem da prática médica) o Conselho dos Médicos de Veneza opta por cortar a associação de Gabrielle e ela não mais poderá exercer a medicina. Sem amarras em Veneza, Gabriella decide seguir seu pai pelos locais das cartas que ele lhe escreveu nestes últimos 10 anos, abandonando a sua vida e seguindo em sua própria aventura.
“A escuridão não era ruim. Somente os homens a consideram assim. Meu pai se sentava no escuro para pensar, pois todas as criações têm início na sombra.”
Gabriella viaja com seus dois fiéis servos, Lorenzo e Olmina, através da Alemanha, Escócia, Suíca e Marrocos. Em cada local ela encontra mistérios e tragédias, como por exemplo, uma vila que perdeu todas as suas mulheres para uma caça às bruxas. Ela acaba se envolvendo em muitas situações inusitadas e, muitas, tragédias. Além disso, ela continua escrevendo o livro de seu pai sobre doenças, agora com as suas adições. A história não trata profundamente a cura, ele fala mais sobre doenças e especialmente sobre os nossos maus atuais que antes eram tratados como doenças: a inveja era causada por um verme negro, a solidão causava lágrimas negras, a falsidade era uma doença relacionada a espelhos. Eu achei bem interessante ver o quão próximo da realidade é isso, seriam de fato os males dos seres humanos causados por uma doença? Ou os seres humanos que são realmente assim? A parte de pensar sobre isso me encanta, porque eu amo filosofia e pensar sobre a natureza humana é algo que me inspira. Afinal somos todos loucos, não é?
“Ele é muito formoso esse homem – ela comentou-, um pouco precipitado, mas o rosto é de um anjo.”
Não gostei do excesso de repetição de Gabriella sobre a busca de seu pai, sobre se ele de fato é louco ou não. Igualmente cansativo foi o interesse romântico de Gabriella, foi frustrante ver que a cura e a loucura foram tão pouco abordadas num livro que deveria tratar sobre isso, enquanto o interesse romântico foi tratado de forma tão circular. Em diversos momentos as metáforas foram empregadas de forma estranha tornando o livro não filosófico e sim desconexo e acho que a intenção de passar um médico daquela época falhou um pouco também, as descrições foram cansativas e monótonas o que acaba por não nos conectar as pessoas e as situações.
“[…] choram pelas palavras não ditas que povoam a sua solidão.”
Lorenzo e Olmina cada um à sua maneira, deram vida ao livro. Eu me senti muito conectada com eles, desde o medo ao desejo deles de protegerem e darem tudo à Gabriella, mesmo que o comportamento de ambos na época não fosse possível (eu aceito esse desvio muito bem especialmente por gostar tanto deles). Eles davam a sua opinião, estavam presentes e eram pessoas das quais é impossível não se apaixonar. Eu confesso que quando o derradeiro final se aproxima e acontece uma situação, que me foi desnecessária, senti um aperto no coração.
“Nada acontece como se espera, nada é como parece ser.”
O pior para mim foi a falta de resolução no final, a jornada parece que foi à toa, dá a entender que nada foi resolvido. Essa sensação me fez ficar triste, ela aprendeu tanto, cresceu tanto e viu muitas coisas. Gostei muito do bom trabalho de pesquisa que a autora fez para caracterizar os locais, você percebe o cuidado e as boas descrições, isso foi um ponto bem positivo. Gostei muito do folclore e dos mitos, porém achei que foram pouco ou mal usados na história propriamente dita, eles eram mais descritos nas páginas do livro do que aplicados na história. Eu não acredito que esse livro seja uma leitura essencial, porém é válida se você tiver uma visão positiva.