Uma história juvenil repleta de choques de realidade. Um livro necessário em tempos tão cruéis e extremos.
Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial.
Não faça movimentos bruscos.
Deixe sempre as mãos à mostra.
Só fale quando te perguntarem algo.
Seja obediente.
Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto.
Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início.
Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa.
Angie Thomas, numa narrativa muito dinâmica, divertida, mas ainda assim, direta e firme, fala de racismo de uma forma nova para jovens leitores. Este é um livro que não se pode ignorar.
A Angel Sakura escolheu esse livro pra me enviar, ela já tinha lido e gostado bastante. Antes de ler este livro eu já sabia do que se tratava, não tinha recebido spoiler nem nada, mas eu tinha uma visão geral do que seria a história. E de fato algumas coisa aconteceram como eu esperava, mas me surpreendi em alguns momentos com a protagonista.
Starr presenciou a morte de seu amigo de uma maneira um tanto quanto chocante e injusta, claramente foi um crime justificado pela cor da vítima. Apesar de sofrer o luto ela decide que precisa sim buscar por justiça, afinal foi um assassinato por racismo. E mesmo tão jovem Starr começa a entender que é injusto ter que se reprimir por conta de tudo que acontece a sua volta, afinal ela quer ser apenas uma adolescente normal.
“Às vezes, você pode fazer tudo certo, e mesmo assim as coisas dão errado. O importante é nunca parar de fazer o certo.”
Khalil, amigo de Starr, foi morto por simplesmente ser negro. E sim, foi isso mesmo, mas não só isso. Ele foi morto por um policial que deveria proteger as pessoas. Um policial atirou nele depois de serem parados por uma viatura. Starr sofre o choque por presenciar o assassinato de alguém tão próximo a ela e mais ainda por ter sido completamente sem motivo.
Quer dizer, havia um motivo, lógico, por eles serem negros o policial simplesmente parou o carro deles e Khalil foi morto. Exatamente assim, simplesmente assim. Starr é a única testemunha, mas está com medo do que pode acontecer caso ela tome alguma atitude. Depois de perceber que realmente o melhor era tentar conseguir justiça, Starr cria coragem para ir em frente e explicar o que realmente aconteceu ao mundo. Entre sua vida normal de adolescente (apoio de amigas, relacionamento com o namorado) e sua família que a ama e a apoia, Starr quer apenas justiça para toda essa situação que a abalou.
“- Eu perguntaria se ele gostaria de ter atirado em mim também.”
Quando eu estava ali no comecinho do livro, e não sabia direito quem ia morrer eu estava só curtindo a vida de Starr, e como toda adolescente ouvindo as reclamações um tanto quanto boba da vida dela.
Depois quando Khalil morreu tudo pareceu tão distante, as pequenas coisinhas que ela reclamavam perderam um pouco do significado diante da morte. Não estou dizendo que de repente Starr virou adulta, mas teve sim uma mudança na vida dela e na maturidade que ela teve que criar. Encarar certas coisas te marcam e ela foi absolutamente marcada pela situação que passou e pela morte que presenciou. Claramente este livro aborda o racismo e de como existe um ciclo sem fim para o racismo institucionalizado, de como ele é (como diz o próprio título) semeado entre a sociedade. Afinal, uma coisa vai levando a outra, e quebrar o ciclo não é algo fácil. Starr vive isso e aprende aos poucos o quanto tudo é tão complicado, não vou negar que nada no livro me surpreendeu, é triste, mas eu já tinha conhecimento de histórias muito parecidas e isso é horrível. Desde o ensinamento de manter as mãos sempre a vista de um policial e coisas do tipo, e ainda estendo: já ouvi pessoas (não somente negras, mas pessoas pobres em geral) educar crianças/adolescentes a não andar como um ‘marginal’ (roupas de mano, ou algo do tipo) para não ser parados pela polícia e ocorrer algum problema. O que certamente é ridículo já que a justiça deveria ser cega. Como falei nada do livro me surpreendeu, o que de certa forma é desolador.
Sobre a vida da Starr, achei legal a família dela dar tanto apoio às decisões dela, afinal ela ainda é tão jovem e teve que passar por perda de pessoas queridas, violência no seu bairro e ainda teve o depoimento que deu a justiça. Uma coisa que me irrita, ainda mais se tratando de histórias dos EUA, é que a segregação acaba criando lados compostos de apenas negros ou apenas brancos e isso é uma porcaria. É a mesma coisa de séries de TV (as mais antigas principalmente) aonde o elenco é todo negro e não possui casais inter raciais, assim como o contrário também, há toda uma divisão que pra mim não faz sentido… mas mesmo assim não me surpreende.
“As mãos também estão nas laterais do corpo. Os pais devem ter tido a conversa com ele quando ele tinha 12 anos.”
Algumas coisas do livro são bem previsíveis, como a vida de Starr, a escola e essas coisas. Mas tudo que ela passou e sentiu, é tão intenso para alguém da idade dela que ao mesmo tempo quero abraça-la e confortá-la! Ninguém deveria passar por uma situação dessas.
Como pontos negativos há muitas coisas desnecessárias no livro, ele poderia ser um pouco menor. E achei o final um pouco abrupto, podia, não sei, ter acabado antes ou acontecido algo a mais, sinceramente achei o final meio perdido. Mas no geral o livro valeu muito a pena, é ótimo para quem nunca parou para pensar em uma situação como essa. A realidade de Starr infelizmente está longe de acabar, mas as pequenas mudanças de atitudes que cada um de nós faz já tem alguma influência para um mundo mais justo.
*Espaço roubado pela Angel Sakura: Eu amo esse livro e vou protegê-lo. LEIAM ESSE LIVRO, ELE É NECESSÁRIO! Existem certos comportamentos que todos temos que isoladamente nunca seriam errados, mas quando colocados num contexto maior talvez seja um racismo velado que as pessoas tem e nem sabem. Ter lido esse livro foi muito bom pra mim porque me fez pensar em muitas coisas que eu nem imaginava que eram ofensivas se vistas do outro lado, foi um livro enriquecedor. Além disso temos o agravante momento social nos EUA que assusta, e o caso do livro é bem parecido com o caso real de Castile, cuja a namorada dele é quase representada pela mesma situação da Starr, se quiser ler o caso temos informações aqui . Aqui neste link temos 15 casos de negros que foram mortos por serem negros e, por fim, neste link a gravação de um policial dizendo para uma mulher que ela não deveria temer os policiais, eles só matam negros e ela é branca. Com toda essa politica de supremacia branca nos Estados Unidos, este livro tem um valor ainda maior e é bem oportuno. De coração, leiam e vamos tentar não semear o ódio. Quando morrer todos somos iguais, apenas ossos.*
Olá, “O ódio que você semeia” é um livro que quero ler. Parece ser uma leitura que devemos fazer para prestarmos atenção se contribuímos ou não para semear esse ódio, que pode ser mortal.
Oi, Debyh!
Esse livro está na minha lista do ano que vem. Quero muito ler antes do filme e vamos ver se consigo. A temática é muito válida! Esse livro com certeza merece ser lido!!
Obrigada pela dica!
Beijão!
http://www.lagarota.com.br/
http://www.asmeninasqueleemlivros.com/
Olá!
Esse livro já está na minha lista, estou só aguardando acabar as leituras “obrigatórias” para iniciá-lo.
É extremamente incômodo saber que isso ainda acontece no mundo, que o racismo ainda existe e que pessoas sofrem por nascerem com uma cor ou uma classe social diferente daquilo que a maioria acredita ser aceitável!
Beijokas
Olá! Amei a resenha! Amo livros que abrem nossas cabeças sobre preconceito em geral e o preconceito racial, que dizem ser velado no Brasil, é escancarado na nossa frente diariamente! A história do policial que mata o sujeito apenas por ser negro é um clichê infeliz de nossa sociedade mundial e acho que a chave para combater essa discriminação tão enraizada em nós é a informação. Gostei dos comentários sobre os demais pontos do livro (família, namoro, amizade) e vou adicionar à minha lista com certeza (ainda mais com esse apelo após a resenha!!!).
Beijos!
Karla Samira
http://www.pacoteliterario.blogspot.com.br
Oi Debyh, como está?
Eu já amo esse livro antes mesmo de ter virado a primeira página dele e amei a tua resenha porque pontuou muito bem o tema do livro! Que infelizmente é real demais porque, pelo menos no meu ponto de vista, racistas não valem a, com o perdão da expressão, a merda que cagam. São gente que me enojam!
Abraços e beijos da Lady Trotsky…
http://rillismo.blogspot.com
http://osvampirosportenhos.blogspot.com