Ambientada 300 anos após uma catástrofe que devastou a Terra, num mundo dominado por um governo autoritário disposto a manter o poder a qualquer preço, a trilogia Never Sky acompanha a saga da jovem Aria, ex-moradora de Quimera, um núcleo de civilização protegido por um domo e sem qualquer contato com o mundo exterior, e Perry, considerado um Forasteiro. Se no primeiro volume da série, Sob o céu do nunca, os destinos dos jovens se cruzam numa improvável (e perigosa) aliança pela sobrevivência, agora, em Pela noite eterna, eles anseiam por um reencontro. Mas muitos obstáculos e algumas armadilhas se impõem no caminho dos dois. Fantasia, ação, ficção científica e uma história de amor inesquecível fazem da série de Veronica Rossi um mundo perigoso e cruel, mas ao mesmo tempo belo e digno da tradição de sagas como Jogos Vorazes e Divergente.
Eu mereço o prêmio de enrolação do ano, li esse livro e o outro em sequência, mas fiz resenha? Nãããão. E querem saber o motivo? Simples, sou retardada. Acabei lendo outro livro e fui enrolando pra escrever e isso porque eu gostei do livro. Estou me sentindo sofrendo como o Troy em High School Music neste clipe aqui. Mas vida que segue e estou aqui pera resenhar antes tarde do que nunca. Antes de começar vou deixar um conselho, leia o segundo já com o terceiro em mãos senão o sofrimento vai ser intenso.
“– Um dia – dissera seu pai –, eu espero que você entenda. E espero que me perdoe.”
Todo mundo sabe que os livros do meio (o segundo dã) em trilogias em geral são de qualidade inferior que o primeiro ou o último. É complicado manter o gás da novidade que temos no primeiro ou dar a importância do terceiro que conclui a saga. Em geral os livros número dois são bem medianos e estamos okay com isso, porque são necessários. Mas, tenho que confessar que gostei tanto deste quanto do primeiro livro, aqui temos um desenvolvimento real do enredo, o livro dois é importante pra história e eu amei isso. O livro dois começa onde terminou o primeiro, com o reencontro de Aria e Perry. Mas, toda a situação mudou no geral e se antes os dois eram companheiros em busca de um mesmo caminho, agora Perry galgou o lugar de maior poder na sua tribo e além de comandá-los deve arrumar um jeito de incluir a Ária como membro. O ponto é que o ódio existe entre os “tatus” e os “selvagens”, especialmente depois de saber sobre os sequestros. E a verdade seja dita, Peregrine é apenas um jovem adulto e tá carregando a vida dessa mulambada toda nas costas, se antes eles dispunham de liberdade para fazer o que quiser agora não mais.
“- Você é rendido a uma garota que ninguém quer por perto. Não consigo pensar em nada pior que isso. Ela está enevoando seu discernimento…
– Não, ela não está…
– Está, sim, Perry. Ela não pode ficar.”
Além disso Ária tem seus próprios problemas, ela tem a sua missão de achar a terra lendária chamada de azul celeste. Missão bem ingrata essa diga-se de passagem, mas a realidade do povo tatu é algo assustador com a morte certa. Porém, Ária nem tem escolha nisso já que se ela não encontrar a terra prometida os cientistas vão só apenas destruir tudo que ela ama, todo mundo sabe que qualquer um funciona melhor com uma ameaça mortal. Então, ter essa missão e carregar nas costas as vidas de todo mundo pesa pra caramba na nossa protagonista, e é um fardo que ela tem que carregar sozinha. Não é o tipo de coisa que ela possa contar com o Perry, nós sabemos o quão impulsiva essa pessoa pode ser. Sabe aquela sensação de esperança que tivemos um pouco no final do livro anterior? É meio que estraçalhada aqui, e é assim que as coisas são. Por isso acompanhamos uma batalha muito silenciosa dentro da Ária sobre o que ela tem que fazer, se ela escolhe o amor ou o sacrifício. Mas, a verdade é que não existe boa escolha, só a menos pior de um monte de escolhas ruins e isso é uma bosta.
“- Venha comigo, Ária. Fique comigo.
– Eu quero. – disse. – Mas agora não somos só nós dois. – Perry tinha sua responsabilidade com os Marés, e ela tinha suas próprias pressões. O Cônsul Hess, Diretor de Segurança de Quimera,tinha Ameaçado Talon, o sobrinho de Perry, se Ária não lhe trouxesse a localização do Azul Sereno. Essa era a razão; uma das razões para que estivesse de volta ao lado de fora.”
Acompanhamos o desenvolvimento dos personagens, e sabe o que é doloroso? Ver que Perry vai perdendo poder apenas porque tem Ária com ele. E eles nem sabem da luta interna que ela está tendo para salvá-los, mas parece que a cada escolha que a protagonista faz ela além de sofrer só se afasta mais e mais de todos. Não é de estranhar que tão rápido no livro o casal se afasta, é tão doloroso, mas eu consigo entender a motivação da Ária em partir. Quero deixar claro que estar longe não significa que seus sentimentos sumiram ou mudaram, os pensamentos de um pro outro são sempre doces e amorosos (exceto em alguns momentos da parte do Perry, que nem quero comentar), foi só a vida que ferrou eles e esse é o único caminho que podiam seguir no momento. Sei que nem sempre são escolhas certas, mas respeito as escolhas deles. Os personagens são humanos com seus defeitos e qualidades, podemos ver isso muito claramente com Perry. O ponto é que somos capazes de ver o crescimento entre os personagens, especialmente os dois principais. Eles tem que lutar todos os dias com eles mesmos para não fazerem o que apenas querem e sim o que devem fazer. Apesar de ser uma distopia poderia representar a minha vida ou sua de boa. O medo, a solidão, a traição e o desespero são constante entre eles, e não podemos nem julgar a forma que eles tentam se proteger porque ambos já se ferraram bonito com isso. O irmão do Perry por si só já justifica uma boa porcentagem do medo do Perry de ter pessoas próximas.
“– Esqueça-se dela – sussurrou Kirra, olhando para el e. – Ela se foi.”
Sabe um ponto muito bom no enredo? É que eles se amam, mas eles tem coisas que devem fazer. Então, ao invés de ficar lamentando que deviam fazer e ferrar tudo, eles vão lá e fazem. Ária tenta cumprir seus objetivos, Perry tenta ser o melhor líder possível na maioria do tempo e ambos continuam vivendo, mesmo que separados. Nenhum dos dois abandonam suas responsabilidades por amor e isso é o mínimo que eu poderia pedir de personagens que eu respeito. E é bom porque cada um dos dois tem um fardo pesado pra caramba pra carregar, tem uma vida injusta pra viver e um monte de pessoas para salvar. O que mais gosto neste livro, e no anterior também, é o ritmo junto da sensação do livro, ele tem um fluxo constante e um sentimento sempre ali de esperança. Mesmo quando tudo vai ruindo, temos uma lição sobre amizade, família e amor, de que o que nunca pode acabar é a esperança, esperança de que o dia de amanhã será melhor e pra isso você precisa lutar e sobreviver. Eu amo isso, de verdade eu amo.
“Ela virou e se aconchegou nele, pousando a testa em seu rosto, e, por um instante, ele tinha tudo de que precisava.”
Sobre as partes ruins, poderia dizer que aquele primeiro capítulo foi de matar, hahaha. Além disso em alguns momentos o comportamento da Ária me irritava horrores, como o julgamento com a Liv. Eu entendo que ela queria proteger o Roar, mas por favor entenda que a Liv também estava de mãos amarradas e tinha coisas que queria defender. Mas, o pior de verdade pra mim foi o Perry sendo aquele chorão e que quase traiu a Ária, quando tudo que ela fazia era pensando no melhor deles. Sendo sincera ver que Perry desejou outra pessoa, enquanto a Ária era super fiel me fez me sentir mal e em alguns momentos questionar o sentimento dele. Mas, além dessas partes ruins eu quero ressaltar as boas que valeram muito a pena. No livro um eu fiquei me perguntando muito sobre o mundo e a explicação para ele, neste livro tivemos muitas respostas e pequenos detalhes se conectavam para explicar coisas que eu não havia percebido. O crescimento dos personagens e do próprio universo de Never Sky, com explicações de verdade e coerentes me fizeram realmente adorar esse livro. Além de algo que preciso valorizar aqui, algo que tenho encontrado muito quando leio livros da Sarah J. Maas, é quando os personagens existem para adicionar na história, eles tem um papel e cumprem de forma magistral suas funções. Eu realmente me importo com pessoas além dos protagonista, e dito isso quero apenas afirmar que Roar tem toda uma parte do meu coração. Leiam essa trilogia, que está melhorando e pode ser justamente aquilo que você espera, com um mundo que basicamente está entrando em colapso… de novo. Vamos rumo ao azul sereno.