Merricat Blackwood vive com a irmã Constance e o tio Julian. Há algum tempo existiam sete membros na família Blackwood, até que uma dose fatal de arsênico colocada no pote de açúcar matou quase todos. Acusada e posteriormente inocentada pelas mortes, Constance volta para a casa da família, onde Merricat a protege da hostilidade dos habitantes da cidade. Os três vivem isolados e felizes, até que o primo Charles resolve fazer uma visita que quebra o frágil equilíbrio encontrado pelas irmãs Blakcwood. Merricat é a única que pressente o iminente perigo desse distúrbio, e fará o que for necessário para proteger Constance. Sempre vivemos no castelo leva o leitor a um labirinto sombrio de medo e suspense, um livro perturbador e perverso, onde o isolamento e a neurose são trabalhados com maestria por Shirley Jackson.
Devidamente surpreendida, sim eu estou! Essa leitura foi uma enorme surpresa, pedi por gostar da capa que é rosa e linda, contudo não esperava algo tão perturbador! BIZARRA, completamente sufocante e muito, muito mesmo, claustrofóbica. Se quem vê capa não vê coração, aqui eles podem se assustar num livro intenso de apenas 200 páginas de muita coisa estranha. Preciso nem dizer que adorei.
Uma família bem gótica trevosa, antes numerosa agora possui apenas 3 membros, alguém os envenenou com arsênico no pote de açúcar. Então, após um veredito de inocente as coisas mudam no vilarejo onde moram. Os populares não curtem muito a ideia de assassinos morando perto deles, especialmente quando o assassino não foi sequer descoberto, mas a situação acabou virando uma lenda macabra do lugar. O ponto é que assim a família se isola mais ainda e o caso continua sem solução, mas e a curiosidade por encontrar o culpado onde fica? Se você acha que a sua família é complicada, é porque você ainda não conhece essa aqui.
“– Pergunto-me se conseguiria comer uma criança, se tivesse essa oportunidade.
– Duvido que conseguisse cozinhar uma – disse Constance.
– Pobres desconhecidos – disse eu. – Têm tanto a recear.
– Bem – disse Constance, – eu tenho medo de aranhas.
– Jonas e eu vamos nos certificar de que nenhuma aranha se aproximará de ti. Oh, Constance – disse eu, – somos tão felizes”
A família Blackwood tem um mistério, e não é a dúvida sobre como eles são ricos ou porque são esnobes. Alguém envenenou a refeição da família 6 anos atrás, muitos morreram e nenhum culpado foi pego. Restando agora apenas duas irmãs e um tio na casa eles tem que lidar com a desconfiança, o medo e, em alguns casos, até com o ódio direcionado à eles. Temos a irmã mais velha que preparou a última refeição como a principal suspeita, porém Constance Blackwood é liberada logo ao ser considerada inocente. Do outro lado temos a jovem e excêntrica Merricat que estava de castigo no dia do evento, quero dizer assassinato familiar, e por fim o Tio Julian que está imobilizado por causa do veneno em seu corpo. E é com essas pessoas que seguimos no livro, vemos como continuar a viver depois desse caso e, principalmente, como conviver com as outras pessoas. Obviamente o fato tem um reflexo enorme nelas e o vilarejo é distante, no melhor dos casos. A família vai se tornando mais reclusa e aos olhos dos outros se um deles é o culpado, então todos acabam se tornando. As coisas continuariam assim se um primo não decidisse visitar as irmãs e então pode entrar Charles. A visita meio que acaba com a rotina da família e tudo vai descendo mais ladeira abaixo ainda. Acompanhando a mente de Merricat vamos seguindo até aquele final triste e bastante assustador, sério dá um suor frio nas costas de tão incômodo.
“Não consigo me segurar quando as pessoas têm medo; sempre tenho vontade de botar mais medo ainda nelas”
A graça do livro não é descobrir quem foi o envenenador, porque é meio fácil saber isso. A grande trama aqui é tentar entender o motivo que levou ao personagem a fazer o que fez ou se existe algo que possa justificar tal ato. Analisa bem comigo, alguém DA família MATOU e ASSISTIU os membros morrerem, se isso não é ser uma pessoa muito psicopata eu não sei mais o que é. Além disso tem uma enorme descrição de pessoas agonizando e morrendo, é um livro bem psicológico tanto sobre o ato quanto as consequências dele nas pessoas e nos leitores. Aqui não temos aquele terror que vem quando escurece ou algo sobrenatural, não amigos, aqui é sobre pessoas capazes de cometer um dos atos mais cruéis e ainda assistir. O suspense não está no que é dito e sim no que não é dito e eu adorei isso. Quando a autora permite que eu complemente a história dela com a minha criatividade a coisa fica muito mais assustadora, eu sei bem o que pensar pra transformar a história no meu pior pesadelo.
“[…]Me agrada que o café da manhã tenha sido especialmente bom naquele dia.”
O lado bom do livro é que os personagens são bem marcantes, a Merricat é assustadora em sua essência e ao ver o mundo, as pessoas, a sociedade, pelos olhos dela podemos ver o quão repugnantes algumas coisas são. Ela tá presa na infância mesmo sendo adulta e torna tudo ainda mais bizarro de se acompanhar. A estranha rotina e os bizarros rituais tornam ela excêntrica e interessante, porém assustadora em mesma medida. Sabe o que é bizarro? Depois de um tempo você começa a concordar com as coisas que ela passa, tipo ela é tão ela e seu mundinho é tão dela que você começa a aceitar e apoiar a moça, muito errado isso aê, porém acontece. Ela é esse tipo de personagem carismática, no fundo sabemos que é errado, mas tamos ali gostando dela. Sobre o lado ruim posso dizer que o livro é estranho e isso pode incomodar algumas pessoas na sua forma de ser escrito e desenvolvido, eu acho que isso é uma coisa boa porém é melhor falar. Outra coisa que poderia incomodar algumas pessoas é a expectativa de algo grandioso, não vai ter um clímax intenso aqui e quero deixar isso claro pra ninguém se sentir frustrado. A história é boa em suas nuances e personalidades, não tem uma grande reviravolta, mas isso não é ruim ou prejudica o livro, temos cenários maravilhosamente descritos e um terror sútil que me agrada. A coisa toda aqui é que tudo é simples e até meio óbvia, porém não deixa de ser complicada e assustadora pra caramba. Os personagens são carismáticos em sua loucura e, o que posso dizer, estou total na deles mas nunca mexeria no açucareiro. Super recomendado pra quem gosta de leitura gótica e estranhamente viciante.
Olá Angel, eu não conhecia esse livro, mas pela sua resenha parece ser uma leitura bem bacana, gosto de livros nesse estilo de terror sutil com personagens bem marcantes *-* Adorei a dica.
http://www.meumundomeuestilo.com/
Oii
Também gostei muito dessa leitura. Me surpreendi com o fato de , mesmo sabendo o que tinha acontecido, eu ter ficado presa a leitura. Adorei todo o tom gótico do livro e a escrita angustiante da autora!
Bjus
olá.
kkk gostei muito do ditado Quem vê capa não vê coração, realmente pela capa parece ser um livro bem fofo. Nem de longe imaginaria essa profundidade toda kkk.
Amei a resenha, esse livro vai para a minha interminável listinha.
Bjs Mary<3