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2 mar 2018

Só Escute – Sarah Dessen

comentando sobre Livros Parcerias Resenhas Resenhas de Livros Tags4 estrelas, drama, Editora Seguinte, Sarah Dessen, YA

Autor(a): Sarah Dessen
Editora: Seguinte
Nº de Páginas: 352
Comprar: Buscapé

CURTI

    • Para encarar a verdade, você precisa estar disposta a ouvi-la.
      Ano passado, Annabel era a típica “garota que tem tudo” — inclusive era esse o papel que interpretava no comercial de uma loja de departamentos da cidade. Este ano, porém, ela é a garota que não tem nada: não tem mais a amizade de Sophie; não tem uma família feliz desde a descoberta do distúrbio alimentar de uma de suas irmãs; e não tem ninguém com quem passar a hora do almoço na escola. Até conhecer Owen Armstrong.
      Alto, misterioso e obcecado por música, Owen é um garoto que vivia se metendo em brigas, mas agora está tentando mudar. Um de seus novos lemas é sempre falar a verdade, não importa qual seja, e jamais guardar ressentimentos.
      Será que com a ajuda desse amigo inesperado Annabel vai conseguir encarar a verdade e enfrentar o que aconteceu na noite em que brigou com Sophie?

Quando eu penso em YA é nesse tipo de livro que eu quero pensar, um livro cheio de significados e que vai deixar a sua marca em quem lê. Eu demorei muito pra começar a ler esta autora por diversos motivos, mas hoje eu sou uma viciada nos livros dela. A beleza frágil que a Sarah coloca nos seus livros me encanta, eu consigo sentir e, mais do que isso, eu sempre sou tocada pela história e carrego suas lições. E esse livro é bom, agradeço pela oportunidade de ler e de agregar algo mais em minha vida.
Annabel é aquela que todas nós queríamos ser em algum momento na nossa vida, a linda, maravilhosa, popular e perfeita em todos os aspectos. Ela não só tinha esse pacote como também possuía uma família incrível e profissão de modelo deslanchando no sucesso total. Dez de dez, até que ela cometeu um erro e perdeu tudo. Perdeu principalmente porque ninguém quis ouvir o lado dela da história, e lembre-se que por pior que seja a situação ela sempre tem mais de um lado. Mas, a pergunta que não quer calar é: você teria ouvido a Annabel? Ou teria a julgado sem se importar com a verdade?

“– É que… nem sempre digo o que estou sentindo.
– Por que não?
– Porque às vezes a verdade machuca – respondi.
– É – ele concordou. – Mas a mentira também.“

Annabel tinha uma vida perfeita, tudo corria bem e seus ‘sonhos’ estavam todos se realizando. A vida perfeita para uma menina perfeita. Claro que nós conhecemos ela mais profundamente do que apenas esse exterior, sabemos que ela é uma pessoa normal com medos e inseguranças. E então ela perde tudo, seus sonhos, seus amigos, sua vida e no meio do caminho ela perde ela mesma. Tão doloroso pra ela, tão fácil pros outros. Ela não se encaixa em nenhum lugar, sua família está desmoronando e no fim das contas ela nem sabe o que fazer ou como fazer, como pedir desculpas, como voltar atrás e como existir. Durante uma festa algo pode ou não ter acontecido, mas como parece que aconteceu de uma forma, todo mundo corre em julgá-la como culpada. Especialmente sua melhor amiga, ela sequer deu a chance de Annabel contar seu lado da história. Sem ter quem a escute, ela começa a guardar seus pensamentos, suas dores e quem ela é. Óbvio que tudo vai ruindo e vamos acompanhando o quanto Annabel sofre, em alguns ponto eu só pensava em: “grite a droga de toda a situação pro mundo. Sei que ainda assim as pessoas não vão te ouvir, mas pelo menos você botou pra fora”. Esse era meu nível de desespero com a situação, e se eu estava assim imagina a Annabel.

“Aquela era a questão: um dia, a diferença entre a luz e a escuridão fora simples. Uma era boa; a outra, ruim. Mas de repente as coisas não eram mais tão claras. A escuridão ainda era um mistério, algo escondido, que causava medo, mas eu passara a temer a luz também. Era onde tudo se revelava, ou parecia se revelar. De olhos fechados, eu só via a escuridão e me lembrava daquele momento, do meu maior segredo; de olhos abertos, só via o mundo que não o conhecia, claro, inescapável e, de alguma forma, ainda ali.”

É nesse meio de ostracismo que encontramos uma luz no fim do túnel, Owen. O rapaz é diferente, ele não para de falar a verdade. Mesmo que as verdades machuquem os outros, mesmo que ninguém queira ouvir, esse é Owen. Então, quando Annabel não conta suas verdade para proteger os outros, ver o rapaz que é seu oposto se torna refrescante. É com ele que vemos a nossa protagonista lentamente se libertando das suas amarras, dos pesos chamados família, amigos, vida. Owen a desafia a por em palavras o que seu coração quiser, mas é complicado. Os segredos ficam escondido por alguns motivos. As coisas não são pretas ou brancas, é no tom de cinza que estamos. Mas a grande lição do Owen é apenas a que ela precisa aprender, ela precisa começar a ser honesta com as pessoas ao seu redor, sua família, seus amigos e, principalmente, consigo mesma. É essa a diferença entre quem ela é presa e quem ela será livre. Owen está disposto a ouvir, mas será que a Annabel está disposta a falar? Tão complicado, tão simples e ao mesmo tempo tão difícil.

“Mesmo assim, no fundo, eu sabia que não tinha feito nada de errado. Não era minha culpa. Em um mundo perfeito, eu poderia contar às pessoas o que havia acontecido e, de alguma forma, não sentir vergonha. Na vida real, no entanto, era mais difícil. “

Acho que o principal neste livro é algo que todos fazemos em menor ou maior escala: mentir ou omitir. Uma pequena mentira para poupar alguém de uma dor é uma coisa boa, né? Nem sempre dizer a verdade é o melhor, certo? O mundo em geral é um aglomerado de mentiras, olhem as redes sociais das pessoas e veja isso o tempo todo com as vidas perfeitas dos outros. Porém, ao ser uma jovem as coisas são ainda piores, a pressão é ainda maior. E é aí que entram nossos segredos, em quem confiá-los? Existe alguém que possamos contar nossos desejos mais íntimos, alguém para tirar nossa máscara de que tudo está bem? Como podemos contar quem somos quando sequer sabemos a verdade? Temos tantas mentiras que contamos pra todos, e pra nós mesmos, que em algum ponto não sabemos mais quem somos de verdade, do que gostamos e quem gosta da gente. É aqui que o livro transita, entre uma pequena mentira e uma situação enorme. O livro pode dizer que a Annabel precisava ser ouvida, mas eu pessoalmente acho que a primeira pessoa que precisava ouvir a Annabel era ela mesma. E, a verdade, é que ás vezes eu também esqueço de me ouvir. Por isso esse livro foi tão bom pra mim, tão delicinha e intenso. Eu realmente gostei deste lado do livro.

” É. Não pense ou julgue. Só escute.”

Então, preciso aproveitar e falar sobre algo MUITO legal neste livro, quantas vezes você julgou alguém com base em algo que ouviu? Todo mundo já fez isso, em algumas situações a pessoa sequer quer ouvir o outro lado. É ‘legal’ se juntar pra falar algo de alguma coisa, de alguém. E, afinal, se todo mundo está falando é porque estamos certos né? Em tempos de mídias sociais temos muito disso, especialmente com casos de inocentes sendo acusados injustamente por crimes e comportamentos que não eram seus. É por isso que ter lido sobre o Owen me fez bem, ele diz na cara da pessoa o que pensa e, mesmo com seus problemas de raiva, ele ainda é capaz de ouvir. Enquanto ele diz a verdade em tudo, Annabel se recusa a dizer para ‘proteger’ os outros. Os dois solitários se encontram e se ajudam, mas principalmente eles se valorizam e isso é muito legal. E esse foi um mérito do livro, os personagens, as reflexões que traziam, o lembrar do passado e ver que as coisas não estavam certas desde muito antes da desgraçada de fato acontecer.

“É uma escolha, Annabel. Se fizer a escolha errada, você só pode culpar a si mesma pelas consequências.”

Apesar de gostar do livro, isso não quer dizer que não tenha defeitos. O principal pra mim, é que após ler alguns livros da autora dá pra sentir uma certa fórmula nos enredos. Especialmente o auto descobrimento que temos enquanto a protagonista passa por uma relação com o rapaz em questão, não importa se eles acabam juntos ou não, o ponto é que o casal vai se ajudar enquanto estão no relacionamento. Não tenho nada contra isso, mas queria que em alguns momentos a protagonista se resolvesse por si mesma e não por culpa de um relacionamento. Além disso a suspensão da descrença tem que ser usada quando todos decidem ignorar a guria, já que sendo modelo e tendo irmãs modelos, apesar de um incidente complicado ela não seria ignorada por todo o colégio. É muito surreal isso, mas foi preciso pra levar o enredo e funcionou no que se propôs. Além disso, o silêncio da Annabel me matava. A violência que ela sofreu e que não encontrou apoio em ninguém me incomodou demais, talvez por eu ser advogada o silêncio dela e do entorno me irritaram bastante. Enquanto eu deveria ter pena dela, em diversos momentos me vi com sentimentos de raiva por ela se colocar na situação que estava e se tornar fraca por opção. E o pior é que não tem uma justificativa plausível pro seu silêncio, só queria bater na cabeça dela pra por juízo. Também gostaria de que existissem menos problemas ao invés de termos tantos assuntos ao mesmo tempo, temos o abuso, temos os problemas familiares, temos os profissionais, temos o ostracismo, temos problema com rapazes, temos de tudo aqui na verdade. E, ainda que eu tenha dito tudo isso sobre o livro, eu gostei do que li. Não foram pontos que me agradaram, mas não estragaram a leitura.

“[…] Eu estava começando a perceber que o desconhecido nem sempre era o que mais deveríamos temer. As pessoas que nos conhecem melhor podem ser mais perigosas, porque suas palavras e seus pensamentos podem não apenas ser assustadores, mas verdadeiros.”

Enfim, eu gostei do livro acho que já perceberam. É legal, com uma história que em geral em agradou. Gosto de jornadas de autodescoberta, mesmo que sejam em ritmo mais lento como é aqui em Só Escute.

Ainda fui capaz de pensar em muitas coisas e manter um sorriso no rosto. Gosto disso, em quase todos os livros da Sarah eu faço isso. As aparições aleatórias dos outros personagens de seus livros também é muito divertido, de repente do nada surge um nome que eu já vi, essas pequenas coisas me fazem feliz. A escrita é agradável e dá pra ler o livro num tiro só de boa. A capa é linda e a diagramação mantém o nível da editora bem alto. Continuo no barco da Sarah, e estou dando 4 estrelas por tudo que o livro me fez pensar, independente do lado ruim ou de como nem tudo foi como eu esperava, eu apreciei o que li. Gostei de pensar sobre como posso julgar alguém de forma errada e o quão problemático isso seria (13 Porquês, lembrei de você). Na verdade é difícil ouvir o outro lado, mas esse é um aprendizado que todos devemos ter. É o tipo de lição que precisamos levar pra vida em todas as idades. Os assuntos são reais e a história é positiva, portanto recomendo super pra todos os públicos.

  • Este livro nos foi cedido pela Editora Seguinte, porém as opiniões são completamente nossas e sinceras. Não sofremos nenhum tipo de intervenção por parte da Editora em nossos comentários.

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• Postado por Angel Sakura
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  1. postado em março 8, 2018 às 5:43 pm
    autor: Ana Souza

    Uau! Que resenha hein?
    Gostei bastante de conhecer o livro aqui no seu blog. Nunca li nada da autora embora eu conheça algumas obras dela.
    Não curto muito YA, mas vou anotar essa dica para uma futura leitura! Fiquei bem curiosa… rs

    beijinhos!!

    #Ana Souza
    https://literakaos.wordpress.com

    Responder
  2. postado em março 10, 2018 às 10:52 pm
    autor: Aléxia Macêdo

    Esse é um dos meus livros preferidos da vida. Eu li tem alguns anos já, mas lembro que eu me emocionei muito e amei demais a história. Amo a escrita da Sarah, amo como ela tem uma naturalidade em trazer questões familiares para as histórias.

    Responder
  3. postado em março 12, 2018 às 11:37 am
    autor: Marijleite

    Olá, ótima sua resenha, como sempre. Ainda não li nada da autora, mas comprei um outro livro dela e estou bem animada para ler. Amo livros do tipo, e achei super interessante a premissa e as mensagens que esse passa.

    Responder
  4. postado em março 12, 2018 às 10:55 pm
    autor: Anônimo

    Ola
    Não sou fã de YA, tem que ser um livro com um assunto que me prenda para eu gostar, mas gostei muito da sua resenha, e vou anotar a dica para uma leitura no futuro.
    Bjus

    Responder
  5. postado em março 13, 2018 às 4:34 pm
    autor: Valéria

    olá…
    ouço falar bem dos livros da autora mas essa repetição de fórmula pra criar as histórias meio que me deixa desanimada a tentar…
    não costumo ter vibe de encarar leituras teen…

    bjs…

    Responder
  6. postado em março 14, 2018 às 10:47 am
    autor: Catharina Mattavelli Costa

    OIe
    eu sou bem suspeita para falar, eu adoro a autora e acho que as histórias dela sempre passam mensagens muito boas. Li esse livro quando ainda estava como Just Listen e amo demais, achei linda a nova edição e é bom que mais pessoas poderão ler pois é uma história que merece ser lida. Adorei ver sua resenha por aqui e que bom que gostou tanto quanto eu

    beijos
    http://www.prismaliterario.com.br/

    Responder
  7. postado em março 16, 2018 às 4:12 pm
    autor: leblondechateau

    Muito obrigado por postar!

    Responder
  8. postado em abril 9, 2018 às 8:54 am
    autor: Garotas Devorando Livros

    Oiii flor, tudo bem?
    Cai de paraquedas em seu blog e já estou apaixonada pelo seu jeito de escrever as resenhas. Eu tive ainda mais vontade de conhecer essa história, que apesar de não ser o meu gênero preferido me deixou muito curiosa.
    Obrigada pela dica e parabéns pela resenha!

    Responder
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